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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Dinheiro, Valores e Futebol


"O salário do “C.R.7” não é uma afronta à sociedade, o que pode chocar e afrontar é haver “sociedades desportivas” que paguem tais salários a um jogador “só” para chutar uma bola e enfiá-la numa baliza, num campo de Futebol.

Um leitor de um jornal diário comentou, por meio de uma carta, que o vencimento do “C.R.7” de 2 M. euros era “uma afronta à sociedade”. Dizia ainda que havia licenciados a trabalhar como “operadores de caixas” de supermercado e questionava mesmo para que serviria, hoje, uma licenciatura quando, afinal, no Futebol, sem habilitação alguma (?), se pode ficar rico.
Ora, aproveitando a oportunidade que nos foi dada, voltamos, hoje, a uma “aula” de “Sociologia do Desporto”. A Sociedade actual, pós-Moderna, está estruturada de uma forma errada para quem tem “arquétipos” (valores) tradicionais, podendo mesmo afirmar-se que quase atinge a inversão total dos valores, e que a isso se pode chamar até de subversão.
Ora, o salário do “C.R.7” não é uma afronta à sociedade, o que pode chocar e afrontar é haver “sociedades desportivas” que paguem tais salários a um jogador “só” para chutar uma bola e enfiá-la numa baliza, num campo de Futebol.
Mas, evidentemente, que ao questionarmos isto estamos a questionar o valor, interesse e necessidade do Futebol numa sociedade “civilizada”, do século XXI, e a colocar em causa toda a organização social actual. Significa isto que a Sociedade Civil permite assimetrias como as que foram assinaladas pelo referido leitor, sem as criticar e sem as “taxar” da mesma forma violenta e brutal, como está a fazer Portugal aos “reformados”.
Ou seja, se há possibilidade de pagar salários desses, então há que pagar impostos na mesma proporção para que a Sociedade, em vez de ficar afrontada, fique agradecida e reconhecida a estas “empresas” e pessoas porque, dessa forma, pagará menos impostos e os reformados deixarão de ser “assaltados” todos os meses, como até aqui têm sido.
Outra questão é saber qual a razão de haver licenciados como “operadores de caixa” de supermercado, ou seja, há razões para colocar em causa a capacidade de racionalização do Ensino/Emprego e a necessidade urgente de redimensioná-lo e de ajustá-lo à realidade social actual. É evidente que um licenciado, que o seja de facto, pode “entrar” para “caixa”, mas, pouco tempo depois, o próprio patrão pode até ajustá-lo ao posto adequado, só que esses jovens licenciados andam tão desmotivados que nem percebem, ou realizam, aquilo de que são capazes, com a sua preparação académica, e acomodam-se ao “emprego”.
Por outro lado, dizer que o “C.R.7” não tem qualquer habilitação, como alguns pretendem, não é verdade porque estamos a falar de pessoas “virtuosas”, como há poucas no planeta: uns chutam bolas de futebol, outros colocam bolas em buracos na relva ou num bilhar, outros saltam para a água, outros correm muito rápido, alguns levantam pesos astronómicos, enfim, tudo isso faz parte do “espectáculo”, e é importante porque, sem isso, tudo seria diferente e mais conflituosa a sociedade actual."

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