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terça-feira, 1 de outubro de 2024

A I Liga recebeu uma dose de reforço. É com ela que começa o verdadeiro espetáculo


"A eternidade impressa em folhas de papel não está a apta a ser corrigida. Lapsos, erros e omissões perpetuam-se na tipografia. No início de época entram em circulação os guias do campeonato, um portfólio de dados de todos os jogadores. Alguns são documentos de publicação apressada e forçosamente incompletos por escolherem ir para as bancas antes da primeira jornada. O mercado de verão teima em pôr um pé em cima do arranque da I Liga, ameaçando desatualizar os compêndios.
Por diferentes motivos, os candidatos ao título não foram propriamente lestos na abordagem ao mercado. O Sporting, tal como se nota desde a Supertaça, tem o crescimento dependente da evolução dos jogadores que já tem no plantel e da complexificação dos laços entre eles. O Benfica deixou que a turbulência interna se refletisse nas decisões. Já o FC Porto anda às voltas com o nó cego que deu aos cordões da bolsa.
Conrad Harder, Kerem Aktürkoğlu e Samu Omorodion demoraram a fazer check-in nos voos que os trouxeram para Portugal, mas em boa hora chegaram. Refrescar o campeonato depende da introdução de caras novas. Em uníssono, os três estão a refutar a teoria da necessidade de adaptação. Se é verdade que o anúncio oficial dos reforços aconteceu com o comboio em andamento, também se pode dizer que já mostraram capacidade para correrem ao lado dos carris e saltarem para carruagem da virtude.
Em Alvalade, Conrad Harder foi pela primeira vez titular na sexta jornada do campeonato. Marcou o primeiro golo do jogo e festejou à Cristiano Ronaldo. Eis um novato a querer assemelhar-se a um velho conhecido. Por conselho alheio ou por autoiniciativa, correu-lhe bem a manobra de sedução aos adeptos claramente encantados com a sua estreia. Está no caminho certo para que todos se esqueçam de que é o jogador sombra de Fotis Ioannidis, o grego que tantas parangonas motivou, mas pelo qual o Sporting não quis entrar em loucuras financeiras. O dinamarquês, enquanto opção económica e de potencial, cumprirá o desígnio de render Paulinho e ser a muleta de Gyökeres no ataque leonino. Conrad Harder estreou-se a titular no domingo e logo a marcar.
Kerem Aktürkoğlu espera-se que tenha no Benfica um papel mais preponderante. A chegada à Luz, nos últimos minutos do mercado, já depois do despedimento de Roger Schmidt, coincidiu com o processo de renovação em curso, completo com a contratação de Bruno Lage. Para os encarnados saírem da escuridão de Azkaban em que se encontravam – o novo treinador parece ter comprado algum tempo com vitórias consecutivas contra Santa Clara e Estrela Vermelha –, Aktürkoğlu foi deveras útil. Para já, leva golos em todos os jogos em que participou.
No FC Porto, lá vai o tempo em que para um reforço entrar no onze inicial de Sérgio Conceição tinha que passar meses na incubadora. Com Vítor Bruno, a lógica parece ser outra. Em Guimarães, contra o Vitória SC, três das aquisições foram titulares. Ao mesmo tempo que defendeu que um ponta de lança não merece ser julgado apenas pelos golos que marca ou não marca, o treinador azul e branco apostou em Samu Omorodion para rapidamente ficar rendido à facilidade com que fez as redes abanarem. A elevação da sua figura oblonga parecia interminável quando correspondeu ao cruzamento de João Mário. Depois, bisou com frieza, demorando-se no enquadramento com a bola para ter total garantia de que não errava o remate.
Pode ser ímpeto de quem quer agradar nos primeiros dias no novo emprego e sim, em qualquer um dos casos, a amostra ainda é curta e não permite um exame definitivo ao relevo que podem ter nos respetivos clubes. No entanto, há sintomas de que vêm acrescentar valor ao campeonato. Kerem Aktürkoğlu marcou nos dois jogos em que já participou no Benfica.
O tardio selar dos plantéis impede que a I Liga sirva, do início ao fim, o maior espetáculo possível ao público. A expressão plena da capacidade das equipas talvez esteja a chegar com seis jornadas de atraso. É aqui que se acomodam as críticas de quem considera que o mercado invade demasiado o início do campeonato. Os clubes portugueses continuam a precisar de esperar por bons negócios, correr riscos na contratação de talento por lapidar. Por não serem dominadores financeiramente, não podem entrar em leilões infinitos com outros clubes interessados na contratação do mesmo alvo ou até reservar jogadores a custo zero seis meses antes dos seus contratos acabarem.
A partir do momento em que deixam de existir indefinições, os reforços começam a ser integrados no contexto, a ganhar familiaridade e a ganharem força. Por isso é que, sem volta a dar nas decisões tomadas, já sem equipas a meio gás, o verdadeiro campeonato começa agora.

O que se passou
Miguel Lopes e Gonçalo Parreira sagraram-se campeões mundiais de par masculino dinâmico em ginástica acrobática.
Na canoagem, José Ramalho e Fernando Pimenta conquistaram a medalha de ouro na prova de K2 dos mundiais de maratonas. Maria Luísa Gomes, em K1 (juniores), também alcançou o lugar mais alto do pódio, tal como João Sousa e Francisco Batista, em K2. José Ramalho, em K1, foi prata. Rui Lacerda, em C1 e em C2 (com Ricardo Coelho), foi bronze.
A seleção nacional feminina de hóquei em patins ficou em segundo lugar no Mundial. No masculino, Portugal ficou em quarto.
Portugal apurou-se para os oitavos de final do Mundial de futsal e vai jogar contra o Cazaquistão.
Na Primeira Liga, o FC Porto venceu o Vitória SC (0-3) e o Sporting derrotou o AVS (3-0). Antes, na Liga dos Campeões, Sporting e Benfica estrearam-se a vencer contra Lille (2-0) e Estrela Vermelha (1-2), respetivamente.
Lando Norris venceu o GP de Singapura e colocou-se a 52 pontos de Verstappen na luta pelo título.
Remco Evenepoel sagrou-se campeão mundial de contrarrelógio.
O Sporting goleou o Benfica no campeonato nacional de andebol (38-22).
No basquetebol feminino, o Benfica ergueu a Taça Vítor Hugo pela quarta vez seguida ao bater o Imortal (86-56).
O Sporting ganhou ao Benfica (3-1) e conquistou a Taça Ibérica de voleibol masculino."

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