"1. De Coimbra ao Jamor serão menos de quarenta e oito horas. Pouco mais de duzentos quilómetros. E com a TVI a rejubilar com as audiências alcançadas. Na sexta-feira, em Coimbra, e com um estádio quase cheio, o Benfica conquistou uma vez mais a Taça da Liga. Hoje, no bonito Estádio Nacional, Sporting e Sporting de Braga procuram erguer, com orgulho, a conquista da Taça de Portugal. Ontem, em vários estados desta Europa, realizaram-se, igualmente, outras finais da segunda principal competição interna. Desde logo em Wembley realizou-se a edição desta época da competição mais antiga do futebol mundial - a Taça de Inglaterra - já que se disputa desde 1871. E em Barcelona, e em Camp Nou, - e em razão da recusa do Real de Madrid em ceder o Santiago Bernabéu! - realizou-se a final da Taça do Rei entre a equipa de Messi e o Atlético de Bilbau. Singularidades desta Espanha bem dividida e com novas realidades partidárias a emergirem como relevantes actores políticos e governativos em várias regiões e importantes Municípios, como Madrid ou Barcelona. Em França o PSG disputou a Taça francesa com o Auxerre. E no Estádio Olímpico de Berlim, que se prepara para acolher a final da Champions, realizou-se a final da Taça da Alemanha entre o Borússia de Dortmund e o Wolfsburg. É o futebol a preparar-se para entrar no seu período de férias, pelo menos nas principais e mediáticas ligas europeias. E com as transferências de jogadores a tomarem conta da agenda mediática. Com os milhões ingleses a dominarem todas as atenções. E, logo, todos os desejos!
2. Em Coimbra o Benfica, com a conquista de mais uma Taça da Liga, assumiu a liderança dos títulos de futebol em Portugal ao atingir a bonita soma de setenta e cinco. O Benfica ganhou bem. E Jorge Jesus, no final, tinha razões para sorrir uma vez mais. E para partilhar o colinho de mais uma vitória com os fiéis adeptos que apoiaram a equipa constantemente e, em particular, a aplaudiram no momento a seguir ao golo do Marítimo. A equipa liderada por Ivo Vieira foi porventura demasiado agressiva em alguns momentos, mas lutou com dignidade e mostrou a valia de alguns dos seus jogadores, como é o caso de Danilo Pereira, o guarda-redes Salin, João Diogo ou Marega. Sabemos bem que o 'Benfica é uma nação'. E cada vitória é, de verdade, uma satisfação. Cada conquista séria a concretização de uma ambição. Cada troféu justo um instante de evidenciar a grandeza e de sublinhar entre todos, a expressão da implícita felicidade. Como aconteceu, ontem, em Guimarães, com a conquista - o tetra! - de mais um campeonato nacional de basquetebol. Um clube ganhador faz-se, em cada época, destas conquistas. Múltiplas conquistas. Ecléticas vitórias.
3. Hoje no Jamor Sporting e Sporting de Braga procuram uma 'atractiva vitória'. Também um troféu relevante para Bruno de Carvalho e António Salvador já que sonham, legitimamente, e como Presidentes, com a conquista da Taça de Portugal. Como os milhares de adeptos de ambos os clubes que encherão, com fervor, aquele emblemático estádio. E que não deixarão de incentivar os seus jogadores alguns deles envergando, com grande probabilidade, e pela última vez, 'aquela' camisola! Mas será um jogo bem singular para os dois treinadores; Marco Silva e Sérgio Conceição. É um jogo que, na presença do Presidente da República, tem, dentro dele, outros confrontos. E desde logo, o confronto silencioso entre cada Presidente e o seu treinador. Confronto que não é, à vista de todos, nem discórdia nem discussão. Mas confronto que nos faz recordar textos bem interessantes. Desde logo aquele judaico que nos adverte que «as discussões são como as luzes de velas acesas na escuridão». Ou aquele outro xintoísta que nos diz que «não te ressintas se alguém discorda de ti»! Veremos no final da tarde o que aporta a vitória e o que suscita a derrota!
4. Foram dias horríveis para a FIFA e para Joseph Blatter. É claro que foi reeleito, sem oposição final, para o seu quinto mandato como Presidente da FIFA. Mas é indiscutível que o conjunto das ações das autoridades de investigação suíça e americana provocaram 'sérios danos' no prestígio - e na idoneidade - de muitos relevantes dirigentes desta organização que é uma verdadeira multinacional. Mas importa não esquecermos que o ex-Presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, foi obrigado a demitir-se do Comité Olímpico Internacional em 2011 e de anunciar a renúncia ao lugar de Presidente honorário da FIFA em 2013 em razão da sua ligação a uma empresa de marketing, a ISL. O que sabemos é que a FIFA é, na realidade, 'quase um Estado'. Com muito mais poder que grande parte dos Estados reconhecidos pela ONU! Como não podemos ignorar, em outra dimensão, o poder da UEFA. E da sua Liga dos Campeões por excelência! Aqui com a certeza da sua necessária articulação com a União Europeia e algumas das suas regras constituintes. Mas fixemos destes últimos dias a ingerência de Estados - com a Rússia a entrar logo no jogo a defender Blatter! - a divisão europeia - com Franz Beckenbauer a elogiar Blatter e a criticar as posições da UEFA - e as dúvidas dos principais patrocinadores da FIFA acerca da correta posição a adoptar. Com a intuição que alguns dos seus novos e emergentes mercados estão com Blatter! Pressentimos que no âmbito da FIFA algo vai mudar. Mas ou a transição é 'calma' ou a 'revolução será imensa'. E como nos recorda Gilbert Cesbron «a verdadeira revolução acontece quando mudam os papéis e não apenas os autores»! Que dilema! Que está para além dos minutos de um jogo de futebol. Seja na Nova Zelândia, na Rússia ou no Qatar!"
Fernando Seara, in A Bola
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