"Os insultos e as palavras de ordem jocosas dedicadas ao Benfica e aos benfiquistas são recorrentes nos festejos dos nossos principais adversários e, como tal, ainda mais por serem estimulados por responsáveis e protagonistas desses clubes, são demonstrativos do sentimento de inferioridade, em relação ao Benfica, de portistas e sportinguistas. Essa forma de estar vira-se contra eles: O Benfica, ganhando ou perdendo, sai sempre por cima. O cântico mais entoado de acordo com a comunicação social, o 'Penta Ciao', é particularmente significativo. Adaptado da canção da resistência antifascista italiana, recordada, em 2018, à escala mundial devido ao sucesso da série espanhola A Casa de Papel, serviu agira de expressão da alegria portista.
Nem sequer preciso de evocar a ironia de adopção de práticas comuns aos regimes fascistas - violação de correspondência privada, deturpação do conteúdo dessa correspondência, propaganda, intimidação, coacção - serem celebradas recorrendo a uma melodia que simboliza o repúdio a esses práticas. Menos ainda os adeptos do clube da inauguração do estádio englobada nas comemorações do Estado Novo cantarem a Bella Ciao... As voltas nos túmulos que grandes dirigentes do FC Porto, como, entre outros, Urgel Horta, salazarentos até à medula, estarão agora a dar...
Basta A Casa de Papel, que, muito resumidamente, é sobre um grupo de marginais que faz um grande assalto. E depois, ainda mais ironicamente, com o Penta Ciao, os portistas tentam esfregar-nos na cara a nossa hecatombe, a nossa crise desportiva sem precedentes, esta coisa de não termos conseguido ganhar, pela quinta vez consecutiva, o Campeonato Nacional...
Está tudo dito!"
João Tomaz, in O Benfica
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