"Ao imaginar antecipadamente um Portugal-Croácia, pensaríamos sempre em duas equipas com um futebol ofensivo de qualidade e sem grandes cautelas. O que veio a acontecer no relvado, no entanto, foi precisamente o contrário. Duas selecções a respeitarem-se ao máximo no plano estratégico (também a autointitulada favorita Croácia o fez) e talvez tenhamos assistido, até ao momento, ao jogo do Campeonato da Europa com menos situações de finalização e oportunidades de golo.
A nossa equipa preparou este jogo reconhecendo o bom momento e a grande qualidade individual e colectiva da selecção croata. É diferente. em termos de confiança, passar em primeiro lugar no grupo em que está a Espanha ou fazê-lo com três empates, como nós o conseguimos. Não foi alterado nada aquilo que têm sido os nossos princípios e ideias. O seleccionador fez quatro alterações muito específicas no onze, entre elas a já esperada entrada de Raphael Guerreiro. Apostou nas maiores rotinas defensivas de Cédric (Perisic a isso obrigava), entrou José Fonte para fazer descansar Ricardo Carvalho, havendo aqui maior poderio físico para o duelo com Mandzukic, e ainda se estreou Adrien no onze (só depois do jogo se soube que João Moutinho não estava em condições de actuar), o que nos deu grande capacidade de pressão e condicionou bastante a construção de Modric.
No plano ofensivo não conseguimos ser a selecção que tínhamos sido durante a fase de grupos, a comandar grande parte do jogo e a criar situações de finalização em muito bom número. Mas também não vimos aquela selecção croata que atravessava um momento tão bom a conseguir fazê-lo. E isso aconteceu porque as organizações defensivas respeitaram os planos estratégicos e foram muito rigorosas.
A forma como conseguimos ultrapassar esta Croácia irá dar grande confiança aos nossos jogadores. Estou em crer que na 5.ª feira iremos ver a nossa selecção mais confiante, mais solta e isso ajudará, naturalmente, a que a qualidade do nosso jogo seja melhor, com outra dinâmica ofensiva, que possa permitir aos nossos jogadores mais decisivos e de maior talento aparecerem mais no jogo. Se isso vier a confirmar-se, de certeza que estaremos mais perto de vencer.
Nos quartos-de-final voltaremos a um registo em que por norma não nos sentimos muito confortáveis. A selecção da Polónia a dar-nos a iniciativa, num jogo onde iremos naturalmente ter maior controlo em posse, seremos uma equipa a jogar mais tempo em ataque posicional e onde, à partida, teremos algum favoritismo, apesar de isso, nos quartos-de-final de uma prova como esta, contar muito pouco.
Há algo de que o nosso seleccionador não abdica: grande rigor na preparação estratégica para cada jogo e só ele saberá o que será melhor em cada momento. Sendo assim: irá manter o que foi idealizado para o último jogo ou, pelo contrário, poderemos esperar mais algumas novidades para surpreender o nosso adversário? Daqui por dias teremos a resposta.
Positivo
Percebe-se que o espírito na nossa selecção está forte. Existe um compromisso comum e isso nestas competições tem grande importância. Sinal de confiança para o grupo: dos jogadores de campo, com excepção de Bruno Alves, já todos foram utilizados.
Negativo
A selecção de Espanha vai para casa mais cedo do que o previsto. Reconhecendo que a queda foi frente a uma Itália muito forte e competitiva, não deixa de ser surpreendente a selecção bicampeã europeia cair nos oitavos-de-final e de forma justa."
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