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terça-feira, 28 de junho de 2016

Os 'encarnados' na «Cidade Verde»

"Saint-Étienne, onde jogou Portugal frente à Islândia, é cidade que o Benfica conhece. Em Novembro de 1967, jogou aqui para a Taça dos Campeões Europeus e perdeu por 0-1. Apurou-se.

Saint-Étienne - Estou de volta a Saint-Étienne, desta vez para o Inglaterra-Eslováquia. Foi nesta cidade do Leste da França, na região de Auverne-Rhône-Alpes, a pouco mais de 50 Km de distância de Lyon e no eixo da rodovia para transportes pesados que leva a Toulouse e, em seguida,a Bayonne e à fronteira basca com Espanha, que Portugal deu o seu pontapé de saída na XV edição do Campeonato da Europa, conhecido anteriormente por Taça da Europa das Nações, sétima presença lusitana numa fase final da competição. Chamam-lhe a «Cidade Verde».
Comecemos por Geoffroy Guichard, fundador das lojas Casino, um dos pólos comerciais de Saint-Étienne e proprietário da propriedade que levava o nome de Estevaliére, precisamente onde se ergueu, a prtir de 1931, o Estádio Geoffrey Guichard, como está bem de ver, local onde actua desde sempre a Association Sportive Saint-Étienne, clube represententativo «du coin lá bas».
Com capacidade para 42.000 espectadores, construído à boa maneira inglesa, com quatro bancadas e aberto nos cantos, veste-se geralmente de verde, a cor dos armazéns Casino, do seu clube e de toda a gente que ao longo de décadas trabalhou para a família Guichard.
No dia 30 de Novembro de 1967, o Benfica defrontou o Saint-Étienne nos oitavos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, 2-0 na primeira «mão», em Lisboa, dava conforto para a viagem de resposta, mas os «stephanois» - nome porque são conhecidos os habitantes locais, em razão de um dos primeiros nome da cidade, Sant Stephan, fundada por refugiados húngaros no ano de 930 - não estiveram pelos ajustes e infernizaram a vida aos 'encarnados'.
O «Caldeirão» encheu. É com orgulho que o estádio de Geoffrey Guichard tem a alcunha de «Chaudron»! Era qui que eu queria chegar.


Golos aos nove minutos!
Logo aos nove minutos, Bereta fez o 1-0 e levou os verdes ao rubro.
Uma falha de Humberto Coelho comprometia José Henrique e o Benfica ficava encostado às cordas. Aí soube seu Mohamad Ali contra Foreman, em Kinchasa, 1974: aguentando golpe atrás de golpe até aos desfalecimento físico e psicológico do adversário.
Mekloufi, Carnus, Bereta, Patrick Revelli e Jacquet eram as grandes figuras do Saint-Étienne. Bereta chegou a ser campeão de França usando a camisola dos fundadores do clube, os empregados da cadeia de armazéns Casino.
«Allez les verts!», gritava-se nas bancadas.
De nada serviu. O Benfica aguenta o resultado até ao fim e sai com a eliminatória resolvida. Os golos de Eusébio e José Augusto, no Estádio da Luz, mantiveram vivo o campeão de Portugal.
Mas, num assomo final de sincero incómodo, Roland Thiéry, comentador televisivo, fechou assim o seu trabalho: «A equipa que ganhou duas vezes a Taça dos Campeões morreu e está bem morta. Nada mais resta do que uma formação envelhecida que se defende praticando anti-jogo».
Bem pôde pregar no deserto. Para os benfiquistas pouco importava. Tinham ultrapassado a eliminatória com mais ou menos facilidade. Continuavam a ser grandes dos grandes na Taça dos Campeões."

Afonso de Melo, in O Benfica

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