"1. Certa vez, António Oliveira Salazar, sabendo que o ministro Moreira das Neves ia fazer um discurso em Aljubarrota, alertou-o: «Não vá para lá comparar-me ao Condestável. Mas também não me compare ao cavalo».
2. Pessoalmente, se me comparassem a um cavalo, não levava grandemente a mal. É um animal nobre e estimável. Já não ficaria muito contente se me comparassem ao Padrinho.
3. Gostei do livro de Mario Puzzo. Revejo os filmes sempre que posso (qualquer um dos três). Marlon Brando, Robert de Niro e Al Pacino são actores extraordinários. Tão extraordinários que conseguem fazer-nos sentir simpatia pelas personagens que interpretam.
4. Mas, a famiglia Corleone construiu-se através do roubo, da corrupção, da extorsão, do nepotismo, do rapto, do assassinato e do toda a espécie de negócios escuros e criminosos. Se alguém me chamar de O Padrinho, mesmo que com extremosa ternura, terei tendência a levar a mal, a ofender-me. Não é necessário explicar porquê.
5. Claro que há, por outro lado, quem se sinta orgulhoso com tal analogia. Também o percebo. Está na massa do sangue do eterno figurão. E, ai de quem o contrarie! Pode acordar com uma cabeça de cavalo enfiada entre os lençóis..."
Afonso de Melo, in O Benfica
Sublime! ..
ResponderEliminar