Últimas indefectivações

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Primeiro entrou o mindinho, depois polegar e indicador


"José Mourinho mudou pouco no onze inicial, mas mudou bastante, sobretudo na segunda parte, na agressividade e na capacidade de 'morder' os adversários, como referiu na apresentação

Era a teoria do dedo e dos dentes. Mourinho anunciou que só meteria um dedinho e começou por colocar apenas o mindinho: Schjelderup por Ivanovic e Barrenechea ligeiramente mais recuado, transformando o 4x2x3x1 de Lage numa espécie de 4x1x3x2. Mais tarde, já na segunda parte e em vantagem com o golo de Sudakov em cima do intervalo, Mourinho acrescentou o polegar e o indicador, convertendo a equipa — que até então tinha sido insípida, inodora, incolor e insossa, embora vitoriosa nos dois jogos anteriores — numa ave bem mais vistosa e apetecível aos olhos dos adeptos. E, sobretudo, regressou a casa com a maior goleada para a Liga dos últimos sete jogos (6-0 ao Aves SAD, na 31.ª jornada de 2024/2025).
O arranque de jogo, porém, foi horrível de parte a parte: muito pontapé para o ar, muitas bolas perdidas e jogadas inconsequentes. Houve algumas arrancadas pelos flancos, mas quase sempre sem perigo. Quando este surgia, algo paralelo acontecia para impedir a celebração. Foi o caso do minuto 12, quando Ivanovic marcou, mas o cruzamento de Dahl já tinha saído com a bola fora de campo.
O Aves SAD não se intimidou, tal como não se deixara intimidar pelo nome do adversário ou pelo nome do treinador rival. Partia para cima da defesa do Benfica sem colocar ‘autocarros’ atrás e com bastante gente na frente. Não era um jogo brilhante e fluido? Não, mas também não o era da parte dos encarnados. Tudo demasiado previsível, com Sudakov a alternar movimentos da esquerda para o meio e do meio para a esquerda, tentando criar desequilíbrios.
O Benfica tinha mais posse de bola e mais tentativas de chegar à frente, mas nunca com verdadeiro perigo, muito menos criando uma avalanchea ofensiva. Até ao intervalo, apenas três lances levantaram os adeptos das cadeiras: um remate lateral de Ivanovic, com Devenish a cortar quase em cima da linha de golo; um disparo de Tomané à entrada da área, que embateu no poste esquerdo; e, por fim, dois remates de Sudakov — o primeiro, de pé direito, contra um defesa e o segundo, de pé esquerdo, a fuzilar a baliza de Simão Bertelli. Estava feito o 1-0 ao minuto 45+3.
A entrada na segunda parte foi arrasadora: Pavlidis ampliou para 2-0, de penálti, após falta desnecessária de Sidi Bane sobre Otamendi (59’); pouco depois, Ivanovic simulou sobre o adversário direto e desferiu um tiro certeiro para o 3-0 (64’). Esse terceiro golo, após a hora de jogo, praticamente fechava o interesse competitivo da partida. Mas não encerrava, de modo algum, o interesse em redor das ideias de Mourinho.
Pouco depois, o treinador do Benfica voltou a mexer: Barrenechea deu lugar a Schjelderup e Ivanovic a Leandro Barreiro (72’), Dedic saiu para a entrada de Tomás Araújo (81’), e, já aos 86’, Sudakov e Aursnes foram substituídos por João Rego e Prestianni.
Foi então que se começou a ver maior variabilidade tática no Benfica. Do 4x1x3x2 inicial, a equipa passou a apresentar variações, como o 4x2x3x1, com Ríos e Barreiro à frente da defesa, ou até um 4x4x2, com Schjelderup quase ao lado de Pavlidis. Foram, primeiro, mexidas de mindinho, mas que evoluíram para ajustes de polegar e indicador quando os encarnados já venciam por três golos e sem sofrer nenhum — algo que não acontecia desde o triunfo sobre o Fenerbahçe de Mourinho."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!