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terça-feira, 8 de novembro de 2022

Futebol à capela, violas no saco


"Neste fim-de-semana jogou-se futebol à capela, com vitórias expressivas embaladas por coros celestiais num ambiente de paz e harmonia. Ninguém desafinou, alguns solistas ofereceram-nos “vibratos” memoráveis e houve direito a bis e “encores” dignos de grandes noites no Coliseu.
Ninguém sabe quem foi o autor da metáfora “mete a viola no saco” que genericamente quer dizer, na forma elegante como falam os portugueses, o mesmo que o brutal “fecha a matraca” com que os brasileiros mandam calar os arautos da desgraça. Como Sérgio Conceição sublinhou, os protagonistas do futebol também têm, de vez em quando, os seus momentos de afirmação sobre as vozes de burro que lhes fazem cair o céu sobre a cabeça ao mínimo deslize ou azar, com considerações genéricas e mal fundamentadas.
Por que não se calam?
A imprevisibilidade do futebol devia aconselhar moderação a alguém no momento em que profetiza que uma equipa “está presa por arames”, como se dizia há três ou quatro semanas sobre o Benfica de Schmidt.
Ou à mitomania das teorias indiscutíveis como a da impossibilidade técnica de um treinador trabalhar em condições com um plantel de 38 jogadores na pré-temporada.
Ou ao irreprimível preconceito de “não vale um caracol” aplicado a jogadores sem marketing como Ristic, Musa ou Chiquinho, a hipérbole do amador emotivo que contamina o olhar do crítico profissional.
Ou às sentenças especulativas sobre julgamentos à porta fechada, sem respeito pelas atenuantes, como a que ditou “Grimaldo nunca mais veste a camisola do Benfica”.
Ou ao “bullying” sobre determinado jovem em súbita ascensão, para que seja visto como um potencial “flop”, quando entra pelos olhos adentro que é um fora de série, como António Silva.
Ou que, ultrapassados todos os obstáculos, se alimente agora que a caminhada do Benfica de Schmidt, facilitada pelas piores versões dos sucessivos adversários, venha, finalmente, a ser travada pelos efeitos colaterais do pior Mundial da história. Zip - a minha viola está no seu descanso. Até breve."

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