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quarta-feira, 19 de junho de 2019

Eusébio: Um ano à Benfica

"Eusébio da Silva Ferreira é o novo reforço do Real Madrid. Após 12 meses de águia ao peito, o jovem que já ganhou a alcunha de "Pantera Negra" segue para o clube espanhol pela astronómica quantia de 120 mil contos. Recorde-se que Eusébio esteve vários meses sem poder jogar devido ao diferendo com o Sporting quanto à legalidade da sua mudança para o clube encarnado, mas a partir do momento em que se estreou, o mundo parou e assistiu: 29 golos em 31 jogos, incluindo 5 na caminhada na Taça dos Campeões Europeus que terminou, como se sabe, com a sensacional vitória sobre o seu agora novo clube na final: 5-3 ao Real Madrid, com 2 golos do prodigioso avançado. 
Conforme a transferência foi ficando definida, após representantes do clube madrileno se terem deslocado a Lisboa, vários adeptos foram-se reunindo à entrada do Estádio da Luz e os comentários variavam entre a tristeza e a resignação "temos que nos habituar a estes tempos modernos. No tempo do meu pai, nos anos 20 e 30 é que os jogadores ficavam a carreira toda no clube. Agora é diferente. Como se pode recusar 120 mil contos?" argumentava Pedro Marques, que veio de Oeiras de propósito até ao estádio. Já Rúben Morais parecia mais agitado "Tenho imensa pena! Gostava que Eusébio ficasse no Benfica mais 10 anos. Tenho a certeza que venceria muitos títulos e no final até lhe fazíamos uma estátua!". O pequeno Álvaro Araújo de apenas 10 anos é que chorava desconsoladamente "o Eusébio é o meu ídolo, tenho no meu quarto tantas fotografias e posters dele. O meu pai diz que eu tenho que continuar Benfiquista, mas acho que vou passar a torcer pelo Real Madrid..."
Ao final da noite o presidente Fezas Vital deslocou-se ao hall de entrada e falou finalmente com os jornalistas. "Sim, posso confirmar que o Eusébio vai jogar no Real Madrid a partir da temporada 1962/63.". "Presidente, o Real Madrid bateu a clausula de rescisão, o Benfica recebe a pronto?" perguntou o jornalista da RTP. "Bom...importante é que foi atingido o valor que tínhamos definido, depois existem para lá umas alíneas. Os adeptos devem compreender que nos tempos actuais é difícil para um clube Português segurar os talentos durante muito tempo.". "Mas o senhor tem dito e repetido que ambiciona ver o Benfica a vencer mais vezes a Taça dos Campeões Europeus, como o vai conseguir vendendo os melhores jogadores passado apenas um ano?" foi a questão colocada de forma pertinente pelo jornalista da Rádio Renascença. "Repare, o rumo foi definido e estamos muito focados nele. A formação do Benfica continuará a produzir novos Eusébios e o nosso treinador Béla Guttmann, que ficará muitos anos connosco, saberá tirar o melhor partido das jovens promessas, alterando até a táctica para incorporar esses novos elementos. Há até quem já chame a isso "A Benção de Béla Guttmann" disse o presidente, para riso dos presentes, procurando aliviar o ambiente tenso que se sentia. Recorde-se que lá fora continuavam vários adeptos, incluindo o pequeno Álvaro Araújo cujo choro se fazia continuar a ouvir.
Termina assim a saga do Pantera Negra no Glorioso. Com um ano à Benfica! Para os adeptos que se sentam na novíssima bancada do 3º anel do Estádio da Luz ficará certamente o desapontamento de não poderem continuar a ver Eusébio marcar golos no relvado do seu estádio. A não ser que Benfica e Real Madrid se voltem a encontrar na Taça dos Campeões Europeus. Aí talvez Eusébio marque um golo à sua antiga equipa e os Benfiquistas baterão palmas por esse feito da sua antiga coqueluche. Até lá, fica a convicção que rapidamente aparecerá um "novo Eusébio" e que o clube continuará a vencer títulos. Pelo menos a nível interno."


PS: O Bakero como conhecedor da história do Benfica, sabe que o Eusébio não foi vendido com a idade do Félix (mais ou menos) para a Juventus, porque foi obrigado a cumprir o serviço militar obrigatório, e pouco depois, em 1966, não foi para o Inter, porque a Federação Italiana, proibiu a contratação de estrangeiros após o Mundial... Tudo isto num tempo, onde existia uma coisa chamada: clausula de opção, que praticamente tornava os jogadores 'escravos' do Clubes para sempre... ou pelo menos ao momento que o Clube decidia não querer mais o jogador!

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