"São vários os exemplos de superstição associados à conquista das duas Taças dos Clubes Campeões Europeus, alguns frequentes, outros caricatos.
Talento e sorte são dois termos muito comuns nos relatos desportivos. O talento depende do jogador, que o desenvolve através do treino e dedicação. A sorte já é outra história, mas mesmo assim muitos procuram afastar o azar através de rituais e superstições, tanto atletas como adeptos. A caminhada para a conquista do bicampeonato europeu não foi exceção.
Talvez o exemplo mais conhecido seja o das famosas barbas de Cavém, que as usou nas conquistas das duas Taças dos Clubes Campeões Europeus. Na final de 1963, ainda ponderou aparecer novamente com barba, mas 'não surgiu um dia apropriado para a deixar crescer... e perdemos!'
O número 13 é normalmente mal visto e Águas evitava-o mesmo fora de campo. Na Dinamarca, calhou-lhe por duas vezes o número 13: no cinema e no aeroporto, deixando transtornado o capitão da equipa benfiquista:
'- Mau, mau... Já é preciso ter azar! (...) Veja bem que, anteontem, fomos ao cinema e calhou-me o lugar número treze (...) Agora, sou o décimo-terceiro a passar... Não lhe parece que é demais?...'
Os adeptos também procuram auxiliar a sua equipa favorita, no estádio ou à distância. O benfiquista Agostinho Paula era conhecido pela sua dedicação ao Clube e pela sua forma peculiar de assistir aos jogos. Após a equipa entrar em campo, permanência sozinho no balneário a ouvir as manifestações do público. Quando questionado em Edimburgo o motivo guardou para si as razões.
Por sua vez, a mulher de Béla Guttmann preferiu não ir apoiar os 'encarnados' no Estádio do Prater, frente ao Áustria de Viena, pois também não tinha ido ao ano anterior e 'o Benfica conseguiu um bom resultado'. Pelos mesmos motivos, na viagem de autocarro para o Estádio Olímpico de Amesterdão, José de Castilho, vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral, sentou-se ao lado de Maurício Vieira de Brito, tendo explicado: 'Vamos assim porque foi assim e nestas mesmas posições que fomos para a «final» de Berna'.
Acredite-se ou não nas superstições, estas fazem parte das mais gloriosas páginas da história do Sport Lisboa e Benfica, que pode ficar a conhecer melhor na exposição temporária Benfica no Topo da Europa - Comemoração dos 60 anos do Bicampeonato Europeu, no Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica
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