"Chamarem-nos 'lampiões', 'lagartos' ou 'tripeiros' são medalhas que ostentamos com orgulho. Como ser a favor deste, daquele ou daqueloutro candidato à presidência seja de que clube for
Permita-me o leitor que utilize neste texto a primeira pessoa bem para lá do razoável e aconselhável em jornalismo, mas tenho para dizer algo que a tal me obriga.
Não sou dos que julgam que processos em tribunal são medalhas no peito de um jornalista. Pode apenas significar que não se escreveu ou falou sobre temas suficientemente sensíveis para tal, ou a propósito de pessoas suficientemente cheias de si para se arrogarem da importância de colocar alguém a contas com a Justiça por delito de opinião.
Sou agnóstico — talvez mesmo ateu — em termos religiosos, mas não sou apolítico nem aclubístico. Voto convictamente em cada eleição nacional (nem sempre no mesmo, pelo que sou apartidário, isso sim) e enquanto cidadão livre torço por um clube, sendo que aqui é e será sempre o mesmo.
Quem me conhece sabe bem qual é esse clube, justamente porque não o escondo enquanto pessoa e cidadão livre. Quem não me conhece, a mim e à generalidade dos outros camaradas do jornalismo, do comentário e da opinião, entretém-se a adivinhar qual será a minha cor preferida.
Ao contrário do que sucede com os processos em tribunal, acho que ser apelidado de lampião, lagarto ou tripeiro, consoante o lado ou lados de onde venham as atoardas, é uma medalha. Várias medalhas que quase todos, deste lado, ostentamos. É sinal de que fazemos o nosso trabalho de forma isenta, caso contrário não restariam dúvidas.
Serve tudo isto para chegar ao mais importante: A BOLA passou o último mês e meio debaixo de fogo benfiquista. Um fogo cruzado e não unidirecional, como também já sucedeu e sucede várias vezes junto de cada um dos três donos do futebol português.
Fogo cruzado porque fomos sendo acusados, em público e em privado, nas redes e nas mensagens de whatsapp, em casa ou no café, de sermos pró-Rui Costa ou pró-Noronha Lopes.
Está fácil de adivinhar quem nos acusou de quê, neste particular. Isso mesmo: consoante a cor, somos sempre a favor da outra.
Nós, jornalistas, estamos habituados a ser o segundo alvo preferencial no mundo do futebol, logo a seguir aos árbitros. Vivemos bem com isso. Sobretudo, repito, quando somos acusados de uma coisa e do seu contrário. Em A BOLA, porque falo da minha casa, é certo que não somos por x ou por y na hora de trabalhar. Somos por si e para si, caro leitor.
NOTA
Em nome do interesse dos leitores e da opinião pública, durante as duas fases da campanha eleitoral A BOLA convidou os seis candidatos à presidência do Benfica (e depois os dois) para exatamente as mesmas iniciativas jornalísticas, entre entrevistas, artigos de opinião e presenças na Bola TV. Somos autónomos a gerir o que pretendemos fazer, na presunção de que é a única forma de servir os leitores dentro dos valores jornalísticos a que estamos obrigados. Não podemos — nem devemos, nem queremos — gerir as agendas e as vontades dos candidatos e das suas estruturas de campanha eleitoral. Se alguém fez, com A BOLA, algo que outro não fez, tal deveu-se única e exclusivamente a questões de vontade e disponibilidade."

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