"Depois de um ano muito difícil, os benfiquistas vivem em todo o país e por todo o mundo, em estado de verdadeira felicidade. Em nós, é normal este formidável uníssimo de cada vez que ganhamos. Lembro-me bem dos indeléveis sons e imagens das grandes vitórias que já marcavam a história do Glorioso desde o século passado, a partir do final dos 50 e ao longo de toda a década de sessenta, ainda quando, no Portugal a preto e branco, o nosso vermelho irrompia de vez em todo o lado, nas grandes e constantes celebrações do Benfica vencedor, de cada vez que os nossos sonhos se cumpriam.
Os tempos de hoje são muito diferentes. Nem há comparação possível com o que é celebrarmos, agora em plena liberdade, uma reconquista tão difícil. A diversidade, a intensidade e as dimensões que estão a caracterizar as comemorações do nosso 37.º campeonato, marcam muito mais do que a imensa alegria colectiva que experimentamos por um título nacional.
A incrível explosão do nosso sentimento colectivo coroa, aliás, a própria natureza do feito alcançado em dois diferentes campos de vitória. Também por isso, mais apropriadamente ainda, desta vez conformamos num autêntico grito de alma a dupla conquista: a Reconquista.
Primeiro, soubermos superar-nos a nós próprias e depois, passámos a vencer todos os outros. Nesta hora dos nossos irreprimíveis festejos, contudo, eles persistem em usar por todos os meios, todos os subterfúgios e todas as mentiras para tentarem denegrir os incontestáveis méritos que constituem o nosso justo orgulho. Na ânsia de publicamente se eximirem à constatação dos seus erros e da sua insuficiência desportiva perante a hegemonia do Benfica, chegam a esquecer-se dos assomos dos méritos e capacidades que, de vez em quando, ainda patenteavam, preferindo disparar em todas as direcções que a imaginação doentia e podre lhes concede, para iludirem perante quem lá manda agora, as severas realidades em que estão mergulhados.
Mas verdadeiramente, ali, já não há rei, nem roque: os sucessivos cheque-mates que continuam a sofrer são o resultado dos autênticos haraquiris a que cegamente se dedicarem, em todos os campos de actividade, nestes últimos seis anos. Mas, pelos vistos, continuarão sob a égide das macacadas. E se for assim que se sentem bem, tanto melhor..."
José Nuno Martins, in O Benfica
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