Últimas indefectivações

domingo, 18 de dezembro de 2011

Memória

"Na noite de 7 de Dezembro, no Estádio da Luz, frente ao Otelul Galati num jogo de rendimento mínimo garantido - o 1-0 logo aos 7 minutos garantia não só a passagem aos oitavos da Champions como o primeiro lugar no grupo - dei comigo a recordar Rogério Lantres de Carvalho, conhecido no futebol por 'Rogério, Pipi', glória do Benfica.

Rogério completou 89 anos e fora o capitão do Benfica que erguera o primeiro troféu internacional da galeria do Glorioso, a Taça Latina de 1950.

Rogério começou a jogar ao serviço do Benfica no ano em que nasci. Creio que vi o primeiro jogo de futebol no Campo da Amoreira, num Estoril-Benfica que o meu Clube de sempre venceu por 3-1 com golos de Julinho, Arsénio e Rogério, figuras que conhecia dos bonecos da bola, embrulhados em rebuçados de um tostão.

Rogério jogava ao ataque e teve mesmo a particularidade de alinhar em todas as posições da linha da frente, das pontas, a interior ou avançado-centro. Marcou 210 golos nos 300 jogos que fez pelo Benfica. Era um jogador de grande técnica e inteligência, uma alegria para o futebol e, em particular, para os benfiquistas. E o mais espantoso é que mantinha sempre a imagem cuidada e o sorriso malandro - que ainda conserva - como que pronto para enfrentar confiante o desafio dos rivais no campo da bola ou em qualquer salão de festas de Lisboa.

Voltei ao presente depois daquela breve viagem pela memória. No campo o resultado mantinha-se 1-0 e, tal como eu, pareceu-me que os jogadores também olhavam para o relógio. Outros tempos. A Taça Latina erguida por Rogério foi conquistada numa dura finalíssima que se prolongou por duas horas e 26 minutos. E como pode ver-se na primeira página de 'O Benfica' n.º396, de 24 de Junho 1950, o 'Pipi' não perdeu a linha."


João Paulo Guerra, in O Benfica

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