"O que se impõe é saber se no Brasil há ou não políticas de 'compliance', o termo inglês para padrões éticos, de forma a evitar suspeitas de nepotismo. E há!
Sabe quem é Alexi Stival? Os mais familiarizados com o universo do futebol brasileiro terão respondido correta e prontamente: é o treinador Cuca. E quem é Avlamir Stival? Essa já é mais difícil: é o eterno adjunto de Cuca, conhecido como Cuquinha, irmão seis anos mais novo do técnico, que se distingue fisicamente dele por ter um bigode à século XIX. Ambos eram membros da equipa técnica do Atlético Mineiro até há uns meses.
No Cruzeiro, maior rival do Atlético, o presidente em 2009, Zezé Perrella, nomeou como vice de futebol o filho Gustavo Perrella. Em 2018, o Flamengo contratou Paulo César Carpegiani como treinador, que levou o filho, Rodrigo Carpegiani, como adjunto.
Desde 2024 e ao longo de toda esta época, primeiro no Corinthians, depois no Internacional, o Brasil habituou-se a ver nas conferências de imprensa de timão e colorado dois treinadores em vez de um. Ramón Díaz, o treinador, e Emiliano Díaz, o filho e adjunto que é até quem fala mais pela dificuldade do pai nas línguas estrangeiras.
A dupla Hélio (pai) e Guilherme (filho) dos Anjos tem sido destaque em divisões inferiores pelos ótimos resultados.
E no pequenino Náuas, do Acre, o presidente Zacarias Lopes nomeou como treinador Carisson Lopes, o filho, de meros 20 anos, porque a lei impedia o próprio Zacarias de acumular os cargos de presidente e técnico — «o Carisson é um conhecedor, vive comigo lado a lado desde criança, vai ser ele mesmo o técnico ou, na verdade, o meu auxiliar técnico», disse na época.
Não estão em causa os conhecimentos do jovem Carisson. Nem de Guilherme dos Anjos, de Emiliano, de Rodrigo, de Gustavo ou de Cuquinha. O que se impõe é saber se no Brasil há ou não políticas de compliance, o termo inglês para padrões éticos, de forma a evitar suspeitas de nepotismo.
E há! A CBF, a casa do futebol brasileiro, aprovou um Código de Ética em 2016 onde se combatia o nepotismo, estava a entidade sob o escrutínio do FBI e de outras polícias do mundo por corrupção, logo depois do genro Ricardo Teixeira ter sido alçado a presidente pelo sogro, João Havelange, então manda chuva da FIFA.
A mesma CBF, porém, acrescentou a seguir uma cláusula ao código a isentar o departamento de futebol dessas obrigações para poder empregar Matheus Bachi, filho e adjunto do selecionador Tite. E, depois, empregou Dorival Júnior e o filho adjunto Lucas Silvestre, ambos hoje no Corinthians.
Só não fez um hat trick, com a dupla Carlo e Davide Ancelotti, porque o filho do selecionador brasileiro, mesmo sem nunca ter sido técnico principal na vida, se tornou logo na estreia o treinador do campeão nacional Botafogo."

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