"É curioso, e nesta escala inédito, o debate em torno das exibições do Benfica no campeonato, num contexto em que, sob batuta de Bruno Lage, os encarnados venceram 25 jogos em 27 disputados, havendo ainda a contabilizar um empate.
Os adeptos não andam satisfeitos porque a equipa está longe do patamar exibicional da época passada, quando a máquina goleadora montada por Lage passou por cima de toda a folha na Liga. Embora tenham saído dois jogadores muito difíceis de substituir (mas que não jogavam normalmente em simultâneo, Jonas e Félix), será apenas por aí que encontraremos explicação para tão grande decréscimo na qualidade de jogo?
Bruno Lage deverá entender que terá margem de manobra para tentar dar com a tecla certa, enquanto os resultados não comprometerem. Vá o Benfica, bem ou mal, ganhando os jogos e o treinador pode ir experimentado este e aquele, uma ou outra fórmula. Mas deverá ter sempre presente que, no futebol, o que se fez no passado é respeitado, e aquilo que se projecta para o futuro é importante; mas a máquina voraz que faz e desfaz heróis alimenta-se única e exclusivamente do presente. É um mundo ingrato de memória curta, com o qual os profissionais do ofício devem saber viver.
Depois de ter sido a principal peça no milagre operado pelos encarnados há um ano, que culminou com a conquista do título número 37, Bruno Lage deverá dar nova resposta à altura, dinamizando uma equipa que anda estranhamente amorfa. E só o poderá fazer se aceitar uma realidade que se mete pelos olhos dentro, e der, uma vez mais, a volta por cima..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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