"Não foi um regresso das grandes exibições, mas terá sido um dos melhores jogos do Benfica nos últimos meses: em casa e com uma equipa cheia de novidades, os encarnados golearam o Portimonense por 4-0, com Vinícius e Chiquinho a estrearem uma prometedora sociedade no ataque
Já lá dizia Gil Scott-Heron que a revolução não será televisionada e as mudanças de fundo que Bruno Lage operou no onze do Benfica para o encontro com o Portimonense não chegaram a ser uma revolução neste Benfica descaracterizado dos últimos meses, mas foi pelo menos uma pequena revolta, um chocalhar no marasmo, que trouxe um resultado simpático, 4-0, e a liderança do campeonato.
A exibição esteve longe de ser assombrosa, mas foi sólida e consistente o suficiente para ultrapassar uns algarvios que até assustaram no início mas rapidamente se eclipsaram mal sofreram o primeiro golo. E teve o condão de revelar uma nova dupla de ataque que trouxe qualquer coisa a mais, pelo menos qualquer coisa a mais do que aquilo que os encarnados têm apresentado, qualquer coisa que se calhar o Benfica tinha na última temporada mas que perdeu com as saídas de João Félix e Jonas: mobilidade, critério, ataque ao espaço, eficácia.
Chiquinho e Vinícius, que parece nome de dupla de bossa nova mas que é afinal a nova sociedade de ataque do Benfica, foram eles que estiveram em boa parte dos momentos decisivos desta vitória, que apareceram no melhor período do Benfica, na 2.ª parte, para resolver um jogo que, tirando talvez os primeiros 10 minutos de jogo, nunca esteve propriamente fora do controlo para a equipa da casa. O Portimonense criou muito perigo aos 11’, num remate ao segundo poste de Anzai que Vlachodimos defendeu bem com os pés, e o Benfica marcaria logo aos 17’, por André Almeida, na sequência de um canto, golo que anestesiou a equipa de Folha, ainda que também não tenha tido o condão de deixar o Benfica a jogar bem.
Da 1.ª parte, para lá do golo, há apenas um portfólio bem grande de passes falhados, acções desastradas, cruzamentos errados e ritmo inconstante - em suma, e perdoem-me o francês, um aborrecimento.
A 2.ª parte arrancou quase de imediato com o 2-0, cortesia de Rúben Dias, e esse golo sim parece ter dado ao Benfica a tranquilidade necessária para voltar a experimentar jogar bem, ou pelo menos bem q.b.
Apareceu aí Chiquinho, a mostrar um acervo de recursos interessante, com várias recepções orientadas de encher o olho, foco na baliza e vontade de fazer jogar. E apareceu Vinícius, que até então tinha estado apagadote, a marcar de rompante dois bons golos. Aos 63’ recebeu um passe na profundidade de Grimaldo, bem antes do meio-campo, desmarcou-se, tirou Ricardo Ferreira do caminho e atirou para a baliza. E dois minutos depois, ainda mal refeito do esforço do primeiro golo, que o deixou com queixas físicas, viu Chiquinho oferecer-lhe um cruzamento em trivela, que transformou, com apenas um toque, no 4-0 final.
Foi a primeira vez que Vinícius foi titular no campeonato e mesmo assim já é o mais eficaz dos avançados do Benfica, com quatro golos. E a parceria com Chiquinho parece ter espaço para evoluir. E evoluirá, para já, na frente da tabela, que não é um mau sítio para se estar."
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