"Esta semana assistimos a várias situações em que os adeptos mostraram a influência que têm no rendimento dos jogadores e das equipas. Pela positiva, como pela negativa. Tanto levam a sua equipa ao topo, como a assobiam aos 20 minutos do jogo porque o resultado ainda não se alterou. Criticam o árbitro, como se esquecem dele. A descarga emocional dos adeptos varia consoante as suas expectativas, mas acima de tudo é fruto da sua cultura e educação desportiva. Os intervenientes no jogo têm de estar preparados para reagir de forma diferente dos adeptos, quando estes perturbam a própria equipa, e dessa forma reforçam a posição do adversário. Os exemplos de fair play que vêm de dentro do campo para as bancadas, têm um efeito fantástico nos adeptos. Como a força e confiança dos adeptos faz com que os jogadores tenham sempre mais um fôlego. O jogo também se ganha pela atitude dos adeptos, é bem verdade, como o contrário também é verdadeiro. Por vezes, existe receio de jogar no nosso estádio, perante os nossos adeptos, a intranquilidade surge ao primeiro passe errado. Esta é das situações que mais me custa a aceitar, principalmente quando se trata de jovens jogadores a iniciaram a sua vida desportiva, e por vezes profissional. O que se ganha com esse clima? Nada. Perdemos todos, ganha nosso adversário.
O futebol jogado ao mais alto nível, como na Champions por exemplo, joga-se para o público em primeiro lugar. Claro que quando se pratica uma modalidade, no caso futebol, jogarmos também por gosto pessoal. Não é, ou não deve ser, uma questão profissional exclusiva. O prazer do jogo tem de estar presentes. Sem esse prazer, o rendimento é sempre inferior ao nível a que de facto podemos chegar.
O ambiente em Anfield, no jogo Liverpool - Barcelona, é um grande momento de comunhão entre a equipa e os adeptos. Deve ser visto e revisto. Ninguém fica indiferente em jogar com aquele apoio. Começou 0-3, acabou 4-3. Caminharam juntos, equipa e adeptos, para a final."
José Couceiro, in A Bola
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