Últimas indefectivações

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Genial delícia!

"Fabuloso Chalana! Fantástico criativo, incrível variedade de dribles e... nunca vi outro com pé esquerdo e direito tão iguais! Só pote 3 para Portugal, campeão! E é justo!

Livro de Luís Lapão, impulsionado pelo Benfica e tendo contributos de várias glórias do clube, é preciosa homenagem ao fabuloso Fernando Chalana, gigante na primeiríssima fila do futebol português. Direi mesmo que esta homenagem, sendo preciosa - até porque num tempo em que a saúde muito o debilita -, é também o mínimo. Sem esquecer ter sido Luís Filipe Vieira quem, há anos, o agarrou, devolvendo-o ao Benfica, quando, por agruras da vida, ele estava muitíssimo na mó de baixo.
Chalana, na minha opinião - e na de muitos -, foi o maior génio do futebol português depois do Rei Eusébio (até à chegada de Ronaldo). E acredito que outros gigantes - vide Luís Figo, Futre, Rui Costa, Vítor Baía, Paulo Sousa, José Augusto, António Simões, ou António Oliveira, Humberto, João Vieira Pinto, Fernando Gomes, João Alves, Fernando Couto, Nené, Manuel Fernandes... - me compreenderão. Tal como, decerto, seria compreendido por Jordão (o 1.º Príncipe do Rei), Germano (um dia coloquei a dúvida de se ele foi o Beckenbauer português ou se Beckenbauer terá sido o Germano alemão...) e, noutros exemplos, Mário Coluna (nunca vi outro médio e capitão com tão poderosa personalidade e pegar numa equipa pelos colorinhos, Benfica ou Selecção, erguendo-a quando tudo corria mal...) e José Águas (finíssimo/ímpar ponta de lança, pés de prata, cabeça de oiro, capitão do Benfica bicampeão europeu). Sei do que falo; tive a sorte de ver jogar todos estes extraordinários craques e em toda, ou quase toda, a sua carreira. Atenção!: quase nada pude ver de Travassos e Vasques, maestros no grande Sporting dos 5 violinos, do também sportinguista Carlos Gomes (há quem o considere o melhor guarda-redes português de sempre), de Matateu (mítico goleador, eterno ex-líbris do Belenenses) ou de Hernâni (tremenda classe no FC Porto).
Em 2000, final de século, publiquei a minha Selecção dos melhores portugueses, por posição (também a Selecção B - creio que mais polémica para mim - e a dos melhores estrangeiros em Portugal), nos cerca de 40 anos que levava a ver futebol. Chalana lá estava, evidentemente. Esta Selecção: Vítor Baía; João Pinto, Germano, Humberto, Hilário; Coluna e Rui Costa; Figo, Eusébio, José Águas e Chalana. Ainda não havia CR7... Nem Ricardo Carvalho... E ainda mais longe estava Bernardo Silva...
Na recente homenagem a Chalana, intensos elogios também ao homem, vincando permanente humildade em tão brutal talento. Meses depois de ter publicado a tal minha Selecção, encontrei-o; e fiquei estupefacto: agradeceu-me!
Chalana - grave lesão travou-lhe carreira no auge!; pouco após ter sido brilhantíssimo no Euro-1984, daí resultando transferência por verba pela qual Fernando Martins construiu o 3.º anel... foi único! No estonteante perfume do seu futebol repentista, na fantástica imaginação criadora driblando (a galgar terreno..) numa vertigem, tão depressa pela esquerda como pela direita ou com fabulosos túneis, na forma, incrivelmente endiabrada, como gingava o corpo fazendo do tocar na bola (!) e na visão a descobrir espaços para desmarcar colegas, único! Ah!: à escala mundial, nunca vi outro para quem, a conduzir a bola, a driblar e a rematar para golo, pé esquerdo e pé direito fossem tão igual!; absolutamente único!
Futre, outro genial, o mais próximo sucessor nas diabólicas arrancadas a partir da esquerda, foi à homenagem benfiquista a Chalana dizer o que eu já lhe tinha ouvido: «Ele foi o meu grande ídolo. Eu, do Sporting, ia à Luz só para o ver jogar!»

Pote 3 para o campeão da Europa! Triste. Ok, já estão longínquos os tempos do quase, quase...; e vão 11 consecutivos qualificações (20 anos...) de Portugal para fases finais de Europeus ou de Mundiais (brilhante!); mas agora, com acesso alargado a 24 equipas, só os mesmo pilecas ficam de fora...
... E só aos pilecas do grupo (Lituânia e Luxemburgo) conseguimos ganhar todos os jogos. Em 8 confrontos, apenas um triunfo ao nível de campeões: 4-2 na Sérvia. Terminar atrás da Ucrânia (!), após empate e derrota perante ela, de tal nível ficou a léguas.
Temos lote de bons jogadores mais amplo do que há 4 anos. Mantemos o seleccionador/treinador campeão europeu! Há bem pouco tempo, Portugal também a Liga das Nações conquistou (directamente se impondo a potências como Itália e Holanda). Não haverá alguém mais fã da Selecção Nacional do que eu. Porém, a verdade é para ser dita: desta vez, a qualificação foi... muito frouxa! Decerto, Fernando Santos retirará necessárias ilações."

Santos Neves, in A Bola

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