"Com a introdução de ferramentas que nos permitem obter dados em tempo real dum jogo e de cada um dos seus intervenientes, a análise ao rendimento das equipas passou a ser muito mais estatística. Contudo, estamos perante uma actividade desenvolvida por humanos e não no campo das ciências exactas.
Quando se afirma que a equipa teve um rendimento inferior num determinado jogo em relação aos seus valores absolutos, não estamos a dizer qualquer inverdade, estamos apenas a comparar dados de um conjunto de jogos com um jogo específico sem ter em atenção outras componentes.
O equilíbrio num desafio deve ser conseguido pelo valor das equipas. Quando falamos em resultados nivelados, estamos a referir-nos a partidas em que existe incerteza no resultado. Para isso, no geral, os intervenientes têm de ter capacidade idêntica ou similar. Este é um factor para que esse mesmo jogo tenha equilíbrio. As competições devem ter em atenção que o seu sucesso se concretiza pelas condições de equilíbrio que se conseguem estabelecer. Todavia, o equilíbrio também pode ser obtido pelo estado do terreno. Um relvado em más condições provoca maior igualdade e, em muitos casos, uma ideia errada de capacidade dos intervenientes.
Quando, nestas situações, apenas analisamos a estatística, concluímos que o jogo tem valores indicam uma maior proximidade das capacidades dos participantes. Na verdade, lendo de forma isolada a informação estatística, concluímos que desvirtua o que se passou. O jogo também pode ser equilibrado pelo mau estado do piso. A velha mentira de que o campo é igual para as duas equipas, apenas tapa o sol com uma peneira. O estado do relvado é factor decisivo para o rendimento. A qualidade do jogo tem níveis diferentes consoante a bola corra de forma mais ou menos rápida, não é indiferente jogar num bom ou mau piso."
José Couceiro, in A Bola
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