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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Um trajeto razoalvelmente tuga até ao Euro 2020

"Estamos no Euro 2020.
Significa que no Verão afinal vamos ver o Europeu (ufa!), mas a verdade é que esta fase de apuramento soube a pouco. Portugal assentou basicamente o seu jogo na genialidade do Ronaldo e no nosso talento único para usar a calculadora.
Para quê as tácticas quando temos a matemática.
De resto, queixamo-nos muito. É sempre assim. Criticámos, por exemplo, o facto termos jogado num batatal, mas não nos esqueçamos que é um batatal tratado por alguém que ganha no mínimo dois mil euros por mês. É um batatal de topo.
Em toda a qualificação, o mister Fernando Santos nunca facilitou. Usou sempre a táctica 4-3-3-e-se-não-funcionar-mete-no-Ronaldo-que-ele-resolve. Por isso é que Portugal é campeão europeu: não há cá facilitismos com o nosso engenheiro.
Rui Patrício foi dono e senhor dos postes. O Beto e o Anthony Lopes iam mais para lhe fazer companhia.
A lateral direita alternou entre Nélson Semedo, João Cancelo e Ricardo Pereira, mas foi este último que terminou a qualificação, e bem: Ricardo Pereira está sempre ligado à corrente. Corre mais do que os adversários, mais do que os colegas, e às vezes, mais do que a bola. Se não o tivessem avisado que os jogos tinham acabado, ainda estaria a correr agora no Luxemburgo.
Na lateral esquerda, consistência defensiva e centros teleguiados. Duas coisas que Raphael Guerreiro e Mário Rui não tiveram porque estão a guardá-las para o Euro. Génios.
Os centrais estiveram sempre em bom nível. Pepe desta vez não bateu em nenhum adversário. Fora isso, não lhe aponto mais nenhuma falha. Rúben Dias está sempre no sítio certo e intimida os adversários só com o olhar. Ainda tem muito a aprender com Pepe. José Fonte é a nossa versão do Robocop. Marque um golo ou seja expulso, a sua única expressão facial é pestanejar, e é porque tem mesmo de ser.
A meio-campo, o Rúben Neves é um William Carvalho, mas sem o bigode sexy. O Danilo Pereira um Rúben Neves, mas sem o futebol inglês. O Pizzi é a regularidade a meio-campo, mas sem um nome português.
Quanto a João Moutinho, tenho para mim que é filho ilegítimo do Fernando Santos e por isso joga sempre.
Bruno Fernandes esteve um pouco aquém do esperado. Talvez por ter ao seu lado jogadores de qualidade, algo a que não está habituado ultimamente. Quando finalmente se habituou, marcou um golo decisivo no último jogo.
Já Bernardo Silva é um pintor impressionista do século XIX. Qual Claude Monet, para quem a pressa é inimiga da arte, finta 7 adversários só enquanto ajeita a camisola. Depois dá a maior parte dos golos a marcar porque os grandes artistas não gostam de se chatear com coisas banais.
Lá na frente, Cristiano Ronaldo, claro. O que mais há a dizer sobre ele? Vai bater todos os recordes de internacionalizações, golos, e selfies com adeptos que invadem o relvado. O melhor do mundo fala português e é nosso.
Já o Messi e a Argentina, mais uma vez, voltam a falhar a qualificação para um Europeu. Ridículo. 
Mas houve mais. Gonçalo Paciência, por exemplo, ameaça ser o goleador da Selecção, quando mudar o nome para Impaciência. André Silva está a tornar-se num excelente contabilista, de tão poupadinho que é nos golos. Fossemos nós assim na electricidade. Dyego Sousa, por fim... é uma jóia de moço. É simpatiquíssimo e tem um belo sorriso.
Garantida a qualificação e em clima de festa, Fernando Santos ficou com a expressão a quem assaltaram a casa e roubaram o carro. Ao sair do campo ainda ficámos com a sensação de que esboçou um sorriso, mas não, era apenas aquele trejeito que ele faz com a boca.
Agora, é fazer o resto da época para estar ao melhor nível em Junho do ano que vem. Somos os campeões em título e queremos reconquistar o caneco! Por isso, mister Fernando Santos, faça o favor de convocar o Éder."

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