"Diz-se que em muitas dezenas de anos nunca se havia visto tudo o que se está a ver, em matéria de chinfrineira, à volta do Benfica. A novidade é que, desta vez, o chavascal começou num quarto de hotel e, como já escrevi, tendo-se certamente por enleados contra natura, a partir de uma relação de vários 'em cama única'. Primeiro, terão tentado a difícil arte do coro vocal para celebrar a parceira. E logo depois acolheram outros comparsas, ambos com brilhantina na cabeça, embora tão mudos como os mimos de circo ou os matraquilhos de taberna. Apenas marionetas inertes.
Em todo o caso, a música coral é um ofício difícil; um desempenho que não está propriamente ao simples alcance de meros tenores roucos e de sotaques diferentes. Tão inacessível, que muito menos pode ser interpretado por bandos de rufiões, hoje cada vez mais comuns a vezeiros loquazes, nos plateaux das televisões e das rádios.
Pela nossa parte, no fim das contas com a Lei do nosso lado, logo que o diálogo se tornar impossível, mais vale não alinharmos na banzé.
É dá-los ao desprezo. Querem sangue? Prometem sangue? Pois, que seja o deles! Que se autoflagelem a si próprios na bazófia com que se babam nas bravatas de baixa comunicação em que, por enquanto, se comprazem.
Mais cedo do que tarde, havemos de ver que se rasgarão sem freio, um dos outros, logo depois que darem conta da insuportável desafinação em que chafurdam, como aqueles Paralelos do Ritmo que, por mais que tocassem, nunca chegaram a encontrar-se, nem na sensatez, nem na decência.
No Benfica somos e seremos diferentes. Basta que relevemos, caso a caso e sistematicamente, os vergonhosos exemplos que diariamente aqueles nos entreguem de mão beijada. Basta que exponhamos os erros grosseiros, as interpretações malsãs, as acusações caluniosas. Basta que lhes desvendemos os truques, as bambochatas e as inventonas.
E, com calma, até já podemos antecipar o habitual fim da história: se for como é costume, tudo acaba antes do Natal..."
José Nuno Martins, in O Benfica
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