"Cadeiras arrancadas, incêndios em estádios, ameaças a árbitros no intervalo dos jogos, e a treinadores no fim dos mesmos, imagens odiosas e violentas nos balneários. Ao 'novo' Sporting, cosmeticamente refundado, apenas têm faltado... resultados.
Na verdade, se Godinho Lopes até parece um gentleman, na sua equipa directiva subsistem verdadeiros 'senhores', cujo alinhamento (subserviência?) com a principal claque não tem paralelo na vida quotidiana de mais nenhum clube português. A juntar a isto, vemos agora um treinador da velha escola portista, habituado a truques subterrâneos, como ficou bem patente na sua passagem por Braga.
Se, com as fotos colocadas no túnel, a ideia era impressionar os jogadores contrários, creio que recordar os triunfos (embora necessariamente já longínquos) do Sporting, lembrar Peyroteo, Travassos, Yazalde, e, porque não, Carlos Lopes ou Joaquim Agostinho, faria bastante mais efeito. Esse Sporting, sim, ainda assustava muita gente. Delinquentes da 'Juve Leo', com suásticas tatuadas, caras tapadas e mãos estendidas, não assustam. Repugnam.
Estes episódios - como, noutro plano, a ridícula pintura do relvado - definem o insanável conflito entre aquilo que o Sporting quer parecer (um clube grande, distinto e respeitador), e aquilo que verdadeiramente é (uma entidade amesquinhada, sem norte, submersa em conflitos existenciais, e moralmente vendida aos seus ultras).
Até porque, como lembro acima, os resultados não ajudam. Diria mesmo que 'o Sporting está de volta!' pois, à excepção da Taça de Portugal, que lhe caiu de borla nas mãos (e que, mesmo assim, hesita em agarrar), a época não promete nada de especial em relação ao seu passado recente.
Desde 6 de Novembro de 2011, apenas ganhou um jogo do Campeonato; está afastado do título pelo décimo Natal consecutivo; e termina a primeira volta em quarto lugar, exactamente com os mesmos pontos que tinha em 2010/2011. Como acontece com o relvado, a diferença está na máscara - agora bastante mais folclórica."
Luís Fialho, in O Benfica
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