"A notícia vem da tarde de ontem, li-a no Record e, confesso, olhei através dela como de um mau presságio, um sinal assustador para o que espera o futebol português. Dá conta de que um “grupo organizado de adeptos” do Benfica, os Diabos Vermelhos, vai estar ausente da deslocação dos encarnados a Santa Maria da Feira, na próxima jornada. A razão é simples e transparente: o preço dos bilhetes, considerado insensível face ao momento que o país atravessa.
Podem argumentar que é um caso isolado e que, assim, não serve como representativo daquilo que poderia ser tomado como uma deserção entre os mais fiéis. É uma forma de olhar a questão. Mas há outras. Por exemplo, pensar que, por hábito, o Benfica é o clube que mais gente leva com a sua equipa à esmagadora maioria dos estádios portugueses, tantas vezes superando o número de adeptos dos clubes que recebem as partidas. Quando a época corre de feição, a diferença aumenta – e o Benfica está na liderança, em andamento dinâmico e poderoso, ambicioso e com bases para levar aos campos essa ambição. Tal é sinónimo de um apoio presencial que, em múltiplas ocasiões, rende a muita e boa gente a melhor receita de toda uma temporada desportiva.
Mas há limites. Tome-se o exemplo do Feirense como apenas… um exemplo. Alguém quer convencer-me que, com preços como os praticados, os adeptos de FC Porto e Sporting, os outros dois “encarregados” de lotar os estádios, vão manter as suas romarias, pagando o que lhes é pedido por quem não leu a história da galinha dos ovos de ouro? Se temos números crescentes de espectadores “in loco” ao longo desta época, talvez valha a pena fazer um esforço de adaptação aos tempos correntes. Quem não ganha o que já ganhou deve ser chamado a pagar o que nunca pagou? Vem aí um período quente para a renegociação dos direitos de transmissão televisiva. E aí, aqueles que agora puxam a corda, hão-de lançar o laço para ver o que apanham na “solidariedade”. Se juntarmos tudo isto a um projeto populista e inconsequente que, pelos vistos, nasce na Liga, apetece dizer que o futebol português está mesmo ameaçado. E, como de costume, nem é preciso o inimigo externo – vem de dentro.
Mais do que ameaças, o Sporting vive com fantasmas. Quem viu o jogo de Olhão percebeu como a bola queima, como os assobios doem, como as botas pesam. Domingos tem tarefa de peso e tem cada vez menos tempo. Precisa de virar o rumo antes de jogar a hipótese de um troféu que lhe salve a época. Mas tem de ser já – este Sporting não ganha ao Gil Vicente (Taça da Liga) nem ao Nacional (Taça de Portugal). Não ganha a ninguém. E isso ninguém aguenta: nem os adeptos, nem os adversários, nem o futebol português a que o leão faz muita falta."
Podem argumentar que é um caso isolado e que, assim, não serve como representativo daquilo que poderia ser tomado como uma deserção entre os mais fiéis. É uma forma de olhar a questão. Mas há outras. Por exemplo, pensar que, por hábito, o Benfica é o clube que mais gente leva com a sua equipa à esmagadora maioria dos estádios portugueses, tantas vezes superando o número de adeptos dos clubes que recebem as partidas. Quando a época corre de feição, a diferença aumenta – e o Benfica está na liderança, em andamento dinâmico e poderoso, ambicioso e com bases para levar aos campos essa ambição. Tal é sinónimo de um apoio presencial que, em múltiplas ocasiões, rende a muita e boa gente a melhor receita de toda uma temporada desportiva.
Mas há limites. Tome-se o exemplo do Feirense como apenas… um exemplo. Alguém quer convencer-me que, com preços como os praticados, os adeptos de FC Porto e Sporting, os outros dois “encarregados” de lotar os estádios, vão manter as suas romarias, pagando o que lhes é pedido por quem não leu a história da galinha dos ovos de ouro? Se temos números crescentes de espectadores “in loco” ao longo desta época, talvez valha a pena fazer um esforço de adaptação aos tempos correntes. Quem não ganha o que já ganhou deve ser chamado a pagar o que nunca pagou? Vem aí um período quente para a renegociação dos direitos de transmissão televisiva. E aí, aqueles que agora puxam a corda, hão-de lançar o laço para ver o que apanham na “solidariedade”. Se juntarmos tudo isto a um projeto populista e inconsequente que, pelos vistos, nasce na Liga, apetece dizer que o futebol português está mesmo ameaçado. E, como de costume, nem é preciso o inimigo externo – vem de dentro.
Mais do que ameaças, o Sporting vive com fantasmas. Quem viu o jogo de Olhão percebeu como a bola queima, como os assobios doem, como as botas pesam. Domingos tem tarefa de peso e tem cada vez menos tempo. Precisa de virar o rumo antes de jogar a hipótese de um troféu que lhe salve a época. Mas tem de ser já – este Sporting não ganha ao Gil Vicente (Taça da Liga) nem ao Nacional (Taça de Portugal). Não ganha a ninguém. E isso ninguém aguenta: nem os adeptos, nem os adversários, nem o futebol português a que o leão faz muita falta."
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