Henrique Araújo| O “miúdo” que pode abanar a frente de ataque

"Será Henrique Araújo a próxima estrela do Benfica Campus?

Henrique Araújo fez a 11 de março aquele que se espera ser o primeiro de muitos golos pela equipa principal do Sport Lisboa e Benfica.

O avançado de 20 anos vinha mostrando serviço na equipa secundária das águias e tinha, até, mostrado o compromisso que tem ao “descer” aos juniores para pisar o sintético dinamarquês, Ikast, em que se disputou o FC Midtjylland – SL Benfica para a Youth League.

Na frente de ataque da equipa B, o madeirense já se tinha mostrado profícuo: levava 13 golos (além de 5 assistências) em 21 participações na Segunda Liga.

De resto, matador já é há muito o seu nome do meio. Desde a sua chegada ao Seixal, em 2018, apontou 94 golos – entre sub-17, sub-19, sub-23, equipa B e, agora, equipa A.

É um verdadeiro matador e um incansável trabalhador. É muito inteligente nas movimentações e muito astuto no posicionamento na área. É muito astuto no momento de conclusão das jogadas e muito frio no momento de dar o último toque para a baliza. Não é um portento técnico no que respeita a malabarismos, mas tem uma técnica de finalização notável.

Henrique Araújo era um dos vários formandos do Benfica Futebol Campus que vinha clamando por uma oportunidade. Foi-lhe concedida e parece tê-la agarrado com unhas e dentes. Será, com certeza, uma aposta de futuro e de presente.

O “39” benfiquista veio, no fundo, demonstrar que é necessário perceber que política deve ser adotada pelo clube. Há cinco, seis anos discutia-se imenso – e de forma fundamentada – que a formação do Seixal, por muito boa, pecava num aspeto: não estava a produzir pontas-de-lança de qualidade.

As águias fizeram por mudar isso. Os jogadores que agora surgem como promessas encarnadas nessa posição não floriram porque o sol assim o proporcionou.

O SL Benfica foi ativamente à procura de ter, nesta fase, jogadores capazes nessa posição.

Quando se discutia essa falha, há meia dezena, meia dúzia de anos, Gonçalo Ramos, Henrique Araújo e João Resende, por exemplo, não eram avançados do SL Benfica. O primeiro estava no clube, mas era médio ofensivo, o segundo estava no CS Marítimo e o terceiro no Vitória SC.

Assim, percebe-se que o SL Benfica quis e materializou essa vontade de ter nos seus quadros pontas-de-lança com muito potencial. Trabalhou para isso.

Ainda assim, em simultâneo, foi esbanjando dinheiro em pontas-de-lança para os AA: RDT, Vinícius, Darwim, Yaremchuk. Todos com qualidade, mas todos caros. O caminho para a equipa principal para estes jovens foi ficando congestionado.

Agora, é hora de apostar neles (João Resende deverá continuar a progredir na equipa B). É hora de cumprir o prometido e fazer da formação a espinha dorsal do plantel principal e o vetor mais preponderante das futuras conquistas do Sport Lisboa e Benfica."

Márcio Francisco Paiva, in Bola na Rede