"Mesmo num domingo chuvoso e a ameaçar mais chuva, o Benfica, jogando em casa às seis da tarde, levou cerca de 55 mil espectadores à 'Catedral' para ver futebol e golos bonitos (mesmo os mal anulados foram bonitos golos). O Futebol, por imperativo das audiências de televisão, passou em Portugal a ser um espectáculo nocturno. E com isso perde espectáculo, perde o Futebol e perdem os adeptos. E claro que o Sport Lisboa e Benfica perde mais que os outros clubes.
No Benfica, 3 - Guimarães, 0 estive na bancada - com a minha mulher e o meu filho mais novo - rodeados em grande parte por espectadores do Norte do País. O Benfica é o único Clube português com implantação geográfica de âmbito nacional. Atrás de mim, uma família fazia estimativas: três horas para chegar a casa. Se o encontro começasse mais tarde, não tinham vindo.
Nenhum outro Clube tem implantação geográfica semelhante ou apenas parecida. E a 'Catedral' enche com gente que vem de todo o País para participar na festa. Além disso, o Benfica não é um Clube de barões com isenção de horários. É uma clube de gente de trabalho, que não pode estender a folga do fim-de-semana pela noite dentro. Quanto mais cedo jogar, mais encherá a 'Catedral'.
O Benfica também é Campeão Nacional de receitas de bilheteira e comerciais. E mais receitas terá com jogos, quando possível, mais cedo. E se as receitas da televisão «estagnaram em Portugal» e não representam a parcela que perfazem noutros países da Europa na contabilidade de um Clube com a grandeza do Benfica, como revelou Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD do Benfica, a TV nem merece o título de «contrapartida» para que o Benfica se submeta aos seus horários."
João Paulo Guerra, in O Benfica
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