"Com o início do campeonato, regressa o Benfica e a luta pelo título, mas regressa também o habitual desfile de entidades-fantasma que constitui a nossa triste Liga.
Dos dezoito emblemas em prova (tantos como na Alemanha), mais de metade não tem dimensão desportiva, estrutural, financeira, associativa, demográfica ou histórica para figurar no primeiro escalão dum campeonato de referência - como se pretende que seja o português. O resultado é uma competição desequilibrada, desinteressante, geograficamente assimétrica e demasiadas vezes pouco transparente. Neste contexto, avançar para uma centralização de direitos televisivos não é apenas um erro. É um roubo.
Com o campeonato que temos, centralizar receitas significa transferir dinheiro dos bolsos dos benfiquistas (que com bilhetes e audiências pagam a festa) para os de administradores obscuros da sociedades obscuras, equilibrando artificialmente clubes grandes e populares com inexistências desportivas - retirando recursos aos que, nomeadamente nas provas europeias, ainda conseguem manter algum prestigio para o futebol português.
Centralização, sim, mas apenas com uma drástica redução do número de clubes da Liga, subtraindo-lhes as gorduras que a intoxicam. Um campeonato a dez, ou mesmo a oito (eventualmente com quatro voltas), poderia, aí, sim, aumentar a competividade, concentrar recursos e proporcionalizar-se à dimensão do país.
Infelizmente, com a auto-regulação do futebol, tudo isso é um quimera. Logo, o combate à centralização de direitos televisivos não pode deixar de constituir um desígnio para os seus verdadeiros adeptos."
Luís Fialho, in O Benfica
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