Últimas indefectivações

domingo, 15 de dezembro de 2019

Que infância tiveste, Chiquinho?


"«E jogar na rua nada tem a ver com freestyle. Não tem a ver com organização, mas com tudo o que tem faltado nos programas orientados. É a bola a bater no chão irregular desenhando diferentes ângulos, obrigando a uma adaptação técnica, a um ganho de agilidade. É o estimular da criatividade usando os obstáculos. É o saltar por cima de um muro e deslizar por baixo dum carro para recuperar a bola que se perdia. A velocidade a que tudo decorre quando enfrentas miúdos com mais três anos, e a forma como tens de te adaptar se pretendes continuar a ser escolhido. É a persistência que adquires enquanto na baliza esperas pela tua oportunidade. Nada é oferecido! É o levantar permanente da cabeça porque não há equipamentos ou coletes, e tu tens de ver tudo. É o driblar quatro amigos porque não conseguiste vislumbrar um colega. É o tempo totalmente gasto a jogar. É o saber onde a bola não pode entrar, porque naquele quintal o vizinho vai furá-la! A variedade de situações… de jogo! Deixem as crianças ser crianças. Deixem os miúdos driblarem, os defesas ter a bola no pé, não apressem o guarda redes nas reposições de bola e forcem apenas no sentido de os fazer perceber o jogo e não a posição.
“Joguei à bola todos os dias da minha vida desde os três anos” Messi.»
In “Construir uma equipa Campeão” por Pedro Bouças

Cada lance em que Chiquinho intervém remete-me para um texto que escrevi há já alguns anos – Ninguém incorpora tão bem a importância da habilidade motora quanto o médio encarnado. A forma como enquadra, como roda sobre si mesmo, como muda de direcção. A agilidade que tem, como essa habilidade lhe permite ligar o jogo a 360º por uma eficiência absolutamente invulgar na forma como usa o corpo, é algo de absolutamente invulgar de encontrar nos dias que correm.
Não sei a quantas árvores subiste ou quantos muros saltaste enquanto fugias do vizinho, Chiquinho, mas a noção que tens do teu próprio corpo remete-nos para os apaixonantes jogadores de outros tempos.
Sobre Chiquinho, que foi por cá referenciado bem antes do sucesso no Benfica (aqui) na Académica, e (aqui) no Moreirense, não sobram muitos adjectivos para lá da evidência que a sua entrada na equipa do Benfica, pela sua qualidade motora, técnica e de decisões elevou para um nível não antes visto a equipa de Bruno Lage.
Com Chiquinho, cresceu também e muito Pizzi, e tornou-se para o Benfica fácil construir e criar."

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