"Não venho aqui falar do guarda-redes Enke, das suas defesas ou da marca que deixou na sua breve passagem pelo Benfica, venho antes falar de Robert, o homem defensor de direitos animais, envolvido em inúmeras campanhas da P.E.T.A. e que lutou por um mundo melhor para aqueles que não se podem defender pela sua própria voz.
Quando esteve por cá a representar as cores do Glorioso, uma das ocupações deste rapaz de então 22 anos era recolher cães abandonados, tratá-los, alimentá-los e arranjar-lhes um dono condigno. Um dono que merecesse o cão e não o contrário. Acabou obviamente, porque podia, queria e porque assim ditava a sua sensibilidade, por ficar com oito desses cães, todos encontrados na rua, que acabaram por acompanhá-lo ao longo da sua vida e entrar em algumas campanhas com ele.
Em 2002, na véspera do campeonato do Mundo de futebol na Coreia/Japão, deixou-se fotografar com dois dos seus cães para dar voz ao tratamento de que estes animais são alvo na Coreia. "Don't kick the dog, kick the ball!" clamava ele. Um homem de convicções fortes que queria partilhar com todos o que, para ele, realmente importava além de a bola abanar as redes ou não.
Tristemente, há dez anos, no dia 10 de Novembro 2009, então com 32 anos, suicidou-se, deixando a mulher Teresa e a filha Leila, que adoptara em Maio desse mesmo ano.
A mulher confirmou então à imprensa o que todos nós hoje sabemos ser um problema maior do que na altura se julgava: Robert Enke sofria de depressões crónicas desde 2003, desde os seus tempos do Barcelona onde começou a ser seguido por especialistas. O precoce falecimento da filha Lara em 2006 tinha sido devastador e o receio que lhe retirassem a filha adoptiva Leila fê-lo ocultar a doença quando já se encontrava numa fase descendente. Viviam os três numa quinta, afastados dos holofotes da fama, onde estavam em paz com todos os seus animais.
Fazem falta pessoas como Robert Enke neste mundo, pena que tenha decidido partir cedo demais. Foi um verdadeiro guardião, em todos os sentidos que a palavra pode ter."
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