"Com o plantel da equipa profissional feminina de futebol encerrado, para já – porque num clube como o Sport Lisboa e Benfica a ambição é inesgotável e qualquer oportunidade de mercado merece atenção –, e a Supertaça de Portugal a pouco mais de duas semanas de distância, este é um bom momento para enquadrar esta aposta do Clube.
Nomes novos a reter: Cloe Lacasse, Ana Seiça, Catarina Amado, Lúcia Alves, Adriana Rocha, Nycole, Annaysa e Dida, hoje oficializada.
Ao longo da pré-época, Beatriz Cameirão e Lara Pintassilgo, duas Sub-19 que se estrearam nas seniores na época passada – e outras podem vir a subir –, têm estado a trabalhar com o plantel. Com uma média de idades baixa, este lote acrescenta valor e alarga em qualidade o leque de opções do treinador Luís Andrade.
Em Portugal e no mundo, o futebol praticado por mulheres tem vindo a conquistar, de forma consistente, mais praticantes e adeptos. A força da marca e o competitivo plantel que se estreou na época passada levaram a uma notoriedade quase imediata do ambicioso projecto em boa hora desenhado pelo SL Benfica. O Mundial de França mostrou o quão real é a conquista de espaço, por mérito próprio, das mulheres no chamado desporto-rei.
Duas futebolistas do Benfica estarão na próxima semana ao serviço da Selecção Nacional de Portugal, convidada pela congénere dos EUA, actual campeã do mundo, que pretende bater o recorde de assistência em solo americano, provavelmente com muitos emigrantes lusos nas bancadas. Teste duro que ajudará a aferir qual o real valor da jogadora nacional no momento.
No nosso Clube, este é ainda um projecto recém-nascido, mas em pouco tempo alcançou-se a atenção e o respeito de muitos. Objectivo máximo desta época é lutar por todos os troféus e, para tal, sem retirar méritos a ninguém, houve necessidade de reforçar em qualidade a equipa (entraram oito atletas no plantel), corrigindo-se a estrutura em todos os aspectos possíveis. Existe agora maior solidez, mas o trabalho está longe de estar acabado.
A aposta na jovem jogadora portuguesa será determinante no futuro e existem já duas grandes gerações a emergir na nossa formação, com evidente talento a desenvolver-se. Atletas que poderão claramente fazer parte da equipa principal, assim evoluam no sentido que se quer, à imagem daquilo que também é habitual, nos últimos anos, no Benfica Futebol Campus e com notório benefício na equipa comandada por Bruno Lage.
Depois da estratégia acertada na época de estreia, o caminho começa agora a fazer-se com o investimento noutros mercados de recrutamento. Mas sabemos valorizar a aposta na jogadora brasileira, em média ainda acima da maior porção da realidade nacional, e que foi conduzida pela necessidade de atingir mais qualidade no curto prazo e ajudar a progredir a jovem jogadora portuguesa; a este propósito destacamos as convocatórias mais recentes, com o Benfica a ceder sete às Sub-19 e outras seis nas Sub-17. Estas e muitas outras têm hoje, dentro do Clube, o enquadramento para poderem atingir um potencial quase inacessível a gerações anteriores.
A oportunidade é agora. E o Benfica está assumir o papel de forte apoio ao desporto no feminino, com condições de trabalho, staff profissionalizado e mediatização crescente, numa realidade financeira ainda distante, porém, da indústria do futebol masculino. Parte do caminho, portanto, terá de continuar a ser feita pelas atletas. Como? Com treinos sérios e impactante atitude competitiva que cative mais e mais as massas para os estádios e transmissões televisivas.
Provável resultado a médio prazo: incremento na qualidade dos espectáculos, maior notoriedade pública das jogadoras, mais receitas e patrocinadores, uma indústria mais sólida.
São já hoje mulheres com a mesma paixão pelo jogo e enorme ambição de conquistar títulos... e adeptos. Vai faltar à chamada?"
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