"Benfica, contra dez, mostrou força e ainda mais as dinâmicas que tem vindo a criar
Sistema igual, outra dinâmica
1. As duas equipas jogaram com dois avançados (Santa Clara, com Stephens e Zé Manuel, Benfica com João Félix e Seferovic), tendo depois o Santa Clara dois médios - Anderson e Bruno Lamas - e dois alas; sendo que Pacheco procurava mais um jogo de apoio e de equilíbrio posicional, e Ukra foi o ala mais de largura no lado contrário. Já o Benfica, com dois médios, Fejsa e Gabriel, apresentou dois alas - Pizzi e Zivkovic - que procuraram e alternaram as combinações de corredor, com os laterais a dar profundidade tanto por dentro como por fora, em função do posicionamento dos alas. João Félix e Seferovic procuraram ser linhas de passe entre linhas: quando a bola estava no corredor um procurava ser apoio frontal e diagonal, com o outro a dar linha de passe na profundidade. Estas variações, assim como a troca posicional entre o avançado que podia cair no corredor e o ala que derivava para dentro, dificultaram a organização do Santa Clara, equipa onde os avançados, móveis e rápidos, procuraram a profundidade e bola nas costas da defesa.
Consistência até à expulsão
2. O Benfica foi sempre dominador, mostrou intenções ofensivas com os alas a jogarem mais por dentro, assim como os avançados a apresentarem dinâmica diferente na procura do espaço entre linhas, saindo da marcação da defesa açoriana para serem opções de passe. Os encarnados procuraram sempre pressionar o mais alto possível, ainda que por vezes sem a linha defensiva encurtar o suficiente - esse espaço entre linhas foi sendo corrigido ao longo do jogo. Já o Santa Clara, bem organizado, foi procurando equilibrar e, com algumas saídas e fases competentes, procurou explorar esse espaço entre linhas para poder crescer. A expulsão de Fábio Cardoso, porém, dificultou a resposta açoriana.
Forte e competente
3. Na segunda parte o Benfica, contra fez, mostrou força e ainda mais as dinâmicas que tem vindo a criar com Bruno Lage. Nos primeiros 20 minutos criou inúmeras situações para avolumar o marcador e esteve muito forte na reacção à perda da bola. Com o passar dos minutos, porém, foi perdendo rigor, o Santa Clara voltou a conseguir equilibrar, depois de ter abdicado de um avançado, após a expulsão, para procurar sair na velocidade pelos alas, pelo avançado e por Bruno Lamas que, em condução ou na fluidez que trouxe ao jogo, conseguiu ligar o Santa Clara na grande parte das situações de chegada ao último terço.
Faltou manter rigor até final
4. O Benfica venceu com justiça, foi competente e demonstrou algumas ideias para o jogo já com diferenças relativamente ao que vinha fazendo, embora, de forma natural, sem a consistência que pretende. Já o Santa Clara procurou discutir o resultado mas a expulsão na primeira parte dificultou a resposta, bem como, claro, a competência do Benfica, que só nos últimos 20 minutos perdeu algum rigor e controlo do jogo."
Vasco Seabra, in A Bola
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