"Como uma fiel metáfora daquilo que foi o Campeonato no seu todo, o decisivo 'dérbi' de Alvalade pode também analisar-se em dois planos distintos.
Um, o da arbitragem, que influenciou fortemente o resultado (como, noutros momentos, havia influenciado outras partidas deste Campeonato), escamoteando um penálti claro à nossa equipa quando ainda não estava completo o primeiro minuto de jogo, e voltando a pecar por uma gritante iniquidade de critérios face a um lance discutível (entre Luisão e Wolfswinkel), de que resultou penálti e o único golo da partida; e a um outro, a meu ver mais flagrante (entre Izmaiolov e o mesmo Luisão), na área contrária, alguns minutos mais tarde, que ficou por sancionar.
Outro plano de análise terá de nos remeter para a exibição muito pobre da equipa do Benfica ao longo de quase todo o jogo, deixando-se subjugar por um adversário estruturalmente inferior, coisa que nos custa ainda mais a digerir se atendermos a tudo aquilo que estava em causa em tão importante jornada.
Uns optarão legitimamente por centrar argumentos no primeiro aspecto, o da arbitragem. Outros privilegiarão o segundo, o do pouco futebol praticado.
Não deixando de exprimir a revolta por mais uma actuação penalizadora destes senhores do Apito, não deixando de recordar os penáltis por marcar em Guimarães, em Coimbra, em Paços, nem o golo fora-de-jogo que acaba por fazer a diferença na globalidade da prova, há que dizer também que o Benfica do último mês e meio, entalado entre dois mundos - um nacional, o outro europeu, porventura mais apelativo para jogadores e técnicos -, colocou-se a jeito do insucesso, e que neste último jogo pouco ou nada fez para conseguir ser feliz. Ninguém nos pode cortar o direito à indignação por aquilo que nos tiraram de forma ilícita. Mas também não devemos varrer para debaixo desse tapete os erros que cometemos, e que, manda a verdade dizer, também ajudaram a empurrar este Campeonato para os braços de um dos mais débeis FC Portos das últimas décadas."
Luís Fialho, in O Benfica
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