"Faz hoje, 6 de outubro, um mês que Bruno Lage assumiu funções. Desde dia 6 de Setembro até agora, o Benfica ganhou todos os jogos efetuados marcando 18 golos e sofrendo, apenas, três. Bruno Lage sabe perfeitamente que quando se consegue criar uma dinâmica de vitórias tudo fica mais fácil. Afinal, quais as diferenças que Bruno Lage tem vindo a apresentar?
A importanância dos adeptos
Desde o início que o técnico encarnado fez questão de marcar a diferença para o seu antecessor. Nas primeiras conferências de imprensa, de uma forma natural ou mais artificial, fez questão de puxar sempre os adeptos para o jogo. Quem conhece a realidade portuguesa sabe perfeitamente o impacto (positivo ou negativo) que os adeptos têm ou podem ter nos desafios. Nos últimos meses a relação entre adeptos e Schmidt deteriorou-se. O treinador alemão não teve o jogo de cintura necessário para saber puxar os adeptos para o seu lado, quando as exibições e resultados não corresponderam às expetativas. A afirmação que proferiu no final de um jogo quando referiu que «os adeptos que não apoiam deviam ficar em casa» foi um dos vários episódios que culminaram num afastamento entre os associados e o treinador. Percebendo o contexto e a realidade que tem pela frente, Bruno Lage sabe perfeitamente que um ambiente positivo vindo das bancadas, será um grande trunfo para atingir os objetivos que o clube se propõe.
Potenciar os jogadores no relvado
Sem tempo para trabalhar, Lage tinha vários caminhos que podia seguir. Em primeiro lugar a sua missão foi a de agarrar os jogadores às suas ideias. Indicar o caminho e ser seguido é uma das principais tarefas que os treinadores devem conseguir fazer. Depois, teve de passar da teoria à prática. Neste ponto e numa primeira fase, Bruno Lage optou por colocar os jogadores nos sítios certos, ou seja, onde se sentem confortáveis, de forma a que a sua qualidade individual pudesse ser expressada. Sem tempo para criar automatismos, este foi o caminho seguido. Criar uma dinâmica de vitórias foi o primeiro objetivo. Bruno Lage teve a perceção de que com vitórias, tudo seria mais fácil de implementar. Era fundamental aumentar ou melhorar a confiança dos jogadores e dos adeptos, de forma a que estes também ajudassem a equipa a crescer. E foi assim que foi mudando o ambiente e o sentimento em torno da equipa. É importante referir que encontrar um sistema tático que permita potenciar as capacidades dos seus jogadores ou colocá-los nos sítios certo, parece óbvio, mas a realidade é que Schmidt não o conseguiu fazer. Mesmo com todas estas dificuldades, a verdade é que desde o primeiro dia que a equipa tem a mão do seu treinador. As bolas paradas são o melhor exemplo: seis golos em cinco jogos (não contando com penaltis). A diferença da era Lage para Schmidt é incrível. Em tão pouco tempo, o treinador encarnado conseguiu trabalhar neste capítulo, algo que aparentemente não era trabalhado pela anterior equipa técnica.
Análise aos adversários
Este é outro ponto diferenciador relativamente ao passado recente. Quem vê os jogos do Benfica percebe que os adversários são devidamente analisados. No futebol moderno, este é um ponto que não se pode abdicar. Analisar os adversários não significa que se perca identidade, pelo contrário, uma análise minuciosa dos opositores permitirá uma abordagem ao jogo mais objetiva e pormenorizada. O jogo com o Atlético de Madrid é o melhor exemplo do que estou a referir. O Benfica teve uma abordagem diferente, sem perder a sua identidade. Construiu a 3 para permitir que Bah desse profundidade e que Di María andasse solto. No momento defensivo, constituiu uma linha de cinco jogadores, onde Akturkoglu fez um trabalho incrível. De uma forma resumida, a abordagem desenhada por Lage, fez com que o ponto fraco da equipa fosse escondido (transição defensiva) e com que as qualidades da equipa adversária não surgissem do jogo, porque não houve espaço nem tempo para que o Atlético fizesse ataques rápidos ou contra-ataques.
Consistência, opções e automatização
Ao fim de cinco jogos a nota atribuída a Bruno Lage é elevada. Um dos seus grandes méritos foi o de voltar a conseguir gerar emoções nos adeptos encarnados. Contudo é importante que tenha a noção de que isto é apenas o começo. O mais difícil no futebol é manter a consistência e estar preparado para lidar com os momentos menos positivos (que acabarão por surgir). Depois desta primeira fase em que era importante dar rotinas ao melhor onze, será fundamental dar oportunidades a outros jogadores, nomeadamente nos jogos que aí vêm como o da Taça de Portugal. É importante que consiga demonstrar na prática aquilo que tem vindo a referir: que todos contam. Por fim, com as expetativas em alta, é determinante que a equipa continue a evoluir de uma forma coletiva. A mecanização, os automatismos e, por exemplo, o posicionamento defensivo no momento da perda de bola, deverão continuar a ser trabalhados e aprimorados, de forma a que a equipa consiga resolver os problemas de uma forma coletiva e a potenciar, de uma forma natural, a qualidade individual dos seus jogadores."
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