"Estamos a finalizar o segundo terço das competições, momento em que já se consegue perceber melhor as tendências mais marcantes de uma competição. A pressão aumenta para todos, alguns colocam em causa o processo quando se perde, as dúvidas são muitas, o equilíbrio emocional de todos é decisivo para atingir os objectivos. E quando digo todos, são mesmo todos. Dos jogadores ao responsável pela rouparia, do departamento médico ao presidente. Se existe ruído, entenda-se não acreditar que se atinge o que se pretende, esse efeito rapidamente passa para muitos mais elementos do grupo. A cabeça vale mais nestas alturas do que tudo o resto. É preciso ganhar, mas por vezes isso não acontece. Nesses momentos todos têm que ser solidários, contudo, normalmente isso não acontece. Há sempre quem aponte o dedo a seguir o esconda. Só que já cometeu o erro. O grupo parte-se. Isto é o que os treinadores não devem permitir, quando lhes é permitido. O normal é serem eles considerados culpados. São afastados. Contrata-se outro. Volta-se a ganhar e a escolha foi acertada. Perde-se, e repete-se o processo. Como por vezes brincava com os nossos jogadores, tudo tratado nada resolvido. Um círculo vicioso que só é vencido com vitórias. Todos as querem, mas poucos as conseguem. A equipa está mais defendida quando os seus membros, nomeadamente os jogadores, têm uma cultura de clube que lhes permite atingir o que muitos não vêem nem sentem. Nesta fase, a que define em definitivo os objectivos, não basta talento ou capacidade física. É necessário que os líderes tenham capacidade para assumir o jogo. Dentro e fora do campo. Na vitória e no insucesso. Todos têm um grande desafio. Os que jogam para ser campeões e os que lutam pela manutenção. Todos têm que manter a cabeça no lugar para aumentarem as possibilidades de sucesso. Quem falhar está a favorecer o adversário. São 3 meses duros. Por vezes nunca mais acabam."
José Couceiro, in A Bola
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