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segunda-feira, 23 de julho de 2018

A gestão desportiva do futebol face aos acontecimentos actuais, Parte III

"“Não devíamos ter jogado a final da Taça, os jogadores não estavam em condições” e acrescentando de seguida “Logo no aquecimento apercebi-me que não tinha equipa”, declarações de Jorge Jesus em 18/07/2018 a diversos órgãos de comunicação social.
Temos a horas intermináveis de comentários vindos de pessoas convidadas a exprimir a sua opinião sobre diversos factos e percebe-se que nem sempre têm conhecimento do que estão a falar, talvez por não terem acesso ás melhores fontes, caem quase sempre na tentação de exprimir uma mera opinião sem qualquer tipo de sustentação.
Será então que comentar é um mero ato de comunicação ou será acima de tudo um ato responsável de expor as nossas ideias face aos factos que estamos a analisar contribuindo assim para uma discussão séria, de qualidade e para um esclarecimento de quem está a ouvir?
De um comentador espera-se um conhecimento mais profundo que um leigo sobre o tema em discussão porque se assim não for a realidade não justifica a sua presença no espaço de debate.
Seja qual for a perspectiva, pode-se e deve-se sempre dizer que comentar deve ser um ato responsável de comunicação, reconhecendo que pode ter uma enorme influência em quem ouve os comentários independentemente da sua posição face ao que está a ser comentado.
No caso do comentador desportivo, este deverá ter obrigatoriamente conhecimentos sobre modalidade em causa, da competição, da equipa ou equipas em acção, dos atletas, dos treinadores, do envolvimento da prova, expectativas, condicionalismos, etc.
Mas, o mais importante é saber e perceber que o resultado final de um jogo ou competição, de todas as modalidades desportivas, sejam de carácter colectiva ou individual, é uma consequência de quem comete menos erros. Não é por acaso que se diz “equipa que comete menos erro ganha” ou “a equipa cometeu muitos erros e daí a derrota”, tonando-se assim em verdades de La Palice.
O advento da tecnologia no desporto e o impacto que veio a ter através da recolha, tratamento e interpretação dos dados recolhidos vem na direcção de evitar o erro humano ao mínimo possível e não deixar nada ao acaso por parte das organizações desportivas.
Mas o foco deste artigo é o comentador e a sua responsabilidade de analisar de forma séria o que está a interpretar e isso só pode ser feito se conhecer para além do que foi apresentado por exemplo o tipo de treinos, a carga horária, a estratégia escolhida pela equipa técnica, dos jogadores seleccionados para o jogo, da forma como estes interpretam a estratégia do treinador, a performance individual ou colectiva, a meteorologia, as condições das instalações desportivas, ou seja tudo pode influenciar o resultado final. E por fim, e não menos irrelevante, ter em conta o opositor ou adversário.
Desta forma, tentar encontrar uma razão ou justificação da derrota na base de quem falhou o golo ou ainda no erro do árbitro é uma falta de honestidade intelectual.
E analisar sobre esta perspectiva é contribuir para uma discussão sem qualidade, que não leva a nada a lado algum, e contribuir para despertar diversos tipos de sentimentos pelas piores razões perante adeptos, estando estes já muitas vezes desiludidos, frustrados e enervados com o resultado negativo (caso seja este o caso), desencadeando bullyling e agressividade perante outros, estando na génese de um mal-estar entre todos os stakeholders do jogo.
Talvez seja mais interessante falar ou debater os aspectos que mais contribuíram para o que de bom aconteceu no espectáculo desportivo de que nos focarmos única e exclusivamente no erro.
No desporto não ganham duas equipas ou dois atletas. Pode-se empatar é verdade, mas ganha quem comete menos erros, contudo o debate até á exaustão desses mesmos erros nada traz de positivo nem contribui para a glória dos vencedores e muito menos para a valorização do espectáculo."

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