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terça-feira, 15 de maio de 2018

A culpa não é de Bruno de Carvalho

"Vítor Baptista teve sucesso e tinha fama de maluco. Mas possuía talento transbordante. Só com fama de maluco é difícil ter sucesso...

Quando, depois do jogo no Wanda Metropolitano com o Atlético de Madrid, Bruno de Carvalho abriu a Caixa de Pandora, o Sporting perdeu o equilíbrio e a serenidade, passando a vogar nas asas das emoções exacerbadas. Foi assim, num sentido, depois do duelo com o Paços de Ferreira, com os jogadores e a equipa técnica a darem uma volta olímpica em Alvalade; e foi também assim, em sentido oposto, com os jogadores ofendidos e vilipendiados, depois da derrota no Funchal. Nenhuma instituição do mundo pode viver entre o oito e o oitenta, é preciso estabilidade, planificação, coerência e convicções fortes para ter sucesso. Tudo isso faltou aos leões, que transformaram o maior investimento da época do futebol português num ninho de cucos. Disse o presidente do Sporting, em entrevista ao Expresso: «Sigo uma máxima do meu tio-avô: 'Para ter sucesso, a primeira coisa a fazer é criar a fama de maluco. Depois, é só mantê-la'» Bom, comecei a pensar em pessoas com sucesso e, francamente, para além de Vítor Baptista, não encontro quem se encaixe neste perfil. Será que Bruno de Carvalho quer ser o Vítor Baptista dos presidentes de clubes? Porém, nesta entrevista, ficámos a saber que o líder leonino tem feito tudo para criar fama de maluco. Mas será que é isso que os sócios do Sporting desejam, ter na presidência do clube alguém que pauta as suas acções para granjear fama de maluco? Pelo que foi possível ver nas últimas eleições, e até na mais recente Assembleia Geral, estará de acordo, daí o título desta crónica, «A culpa não é de Bruno de Carvalho», mas sim de quem o mantém no poder. E se há uma coisa que é verdade é que os clubes são dos sócios, e são eles quem mais ordena.
Depois do mais recente bate boca entre Bruno de Carvalho e Jorge Jesus, desta feita a propósito do pai do presidente e dos amigos do treinador, ficou novamente claro que não existem condições de coabitação entre ambos na próxima temporada. A não ser que ambos sejam malucos; e como só um deles publicamente afirmou desejar essa fama, não é crível que possam seguir um caminho comum. No próximo fim de semana joga-se a final da Taça e se os leões vencerem o D. Aves serão recebidos, na segunda-feira, seguinte, na Câmara Municipal de Lisboa. Jorge Jesus como Marco Silva? Parece.

Ás
Jonas
Marcou 34 golos na I Liga e sagrou-se vencedor da Bola de Prata. Provavelmente, pela influência que tinha no sistema de Vitória, a lesão que o afastou da fase crítica do campeonato pode ter custado o penta ao Benfica. Mas a homenagem que se faz é a um jogador talentoso, que vale o preço do bilhete. Não há muitos assim...

Ás
Nuno Manta
O Feirense comeu, durante boa parte da época, o pão que o diabo amassou, mas manteve-se firme convicção de que o treinador era capaz de levar a nau a bom porto. E foi. Nuno Manta, revelação da última temporada, confirmou-se como técnico a ter em conta na cena nacional, revelando um estofo assinalável. Parabéns!

Ás
José Couceiro
Se algum clube nacional enveredar, um dia, por uma fórmula que passe por um manager ao estilo inglês, José Couceiro tem todos os atributos para a função. O problema é que o nosso futebol está cheio de sapateiros que acham que sabem tocar rabecão... O V. Setúbal está salvo e Couceiro merece uma avenida à beira-Sado.

O melhor do futebol são os jogadores
«Acabei por exibir um cachecol que me foi passado, não sabendo o que estava escrito»
Alex Telles, jogador do FC Porto
Grande lição, aos pirómanos que parasitam o futebol português, do lateral-esquerdo dos dragões. «Jamais apoiarei o ódio (...) Respeito toda a gente e todos os clubes, se alguém se sentiu ofendido foi sem intenção, peço desculpa», escreveu Alex Telles nas redes sociais, mostrando de forma exuberante que o melhor do futebol são os jogadores. O meu aplauso sincero a Alex Telles.

Vira-se uma página no livro da História
A capa do suplemento de desporto do 'Daily Mail' revela-nos alguns dados importantes da estada de Arsène Wenger no Arsenal: 1234 jogos, 706 vitórias e 17 títulos, em 22 anos. Vira-se a página, respeita-se a História e nasce um mito, do calibre de Herbert Chapman. Mas a vida continua na casa dos gunners...

Salvador e Caetano
Abro aqui uma excepção para trazer a esta página um tema que nada tem a ver com desporto. Porém, creio que tem relevância mais do que suficiente e por isso aqui vai. Portugal acolheu o Festival da Eurovisão, magnífica organização e grande promoção do País, a contrastar com a mediocridade das canções concorrentes. Porém, o momento do dueto de Salvador Sobral e Caetano Veloso, interpretando «Amar pelos Dois», foi sublime, comovente e arrebatador, com entrada directa para o top das minhas memórias musicais. Tal como para Pessoa, a minha Pátria também é a língua portuguesa e Salvador e Caetano (vieram para ficar...) foram embaixadores de luxo que nos encheram de orgulho."

José Manuel Delgado, in A Bola

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