"As pressões sobre a arbitragem não são, infelizmente, novidade. Desde os tempos de Pedroto, recordo inúmeras situações em que os agentes desportivos tentaram, usando e abusando da comunicação social, condicionar o consciente e o subconsciente dos árbitros para os jogos seguintes. Outrora ou hoje, a receita é sempre a mesma, e bastante simples. Acusação, vitimização e queixume, tudo devidamente emoldurado numa sonora e persistente gritaria, capaz de transformar verdades em mentiras, e mentiras em verdades. Naqueles tempos, a coisa até tinha piada. Em 2016, confesso que já não lhe acho graça nenhuma. Com o avançar da idade, parece-me tudo demasiado óbvio, demasiado básico. E aquilo que os responsáveis do Sporting têm feito ao longo deste campeonato, de tão ridículo, chega a ser penoso. O ponto mais absurdo desta estratégia - e por si só capaz de descredibilizar todos os outros - terá sido a algazarra em torno da partida com o Tondela, onde uma boa arbitragem foi devastada pelos muitos apaniguados que o Sporting tem na comunicação social.
Esta semana, mais do mesmo: um penálti assinalado a favor do Benfica, num lance difícil de analisar, e eis que se reabriu a torneira da desfaçatez, com o objectivo único de condicionar as arbitragens seguintes, nomeadamente a do próximo dérbi.
Quero acreditar que, em 2016, os árbitros não sejam tão maleáveis como há vinte anos. Isso deixa-me esperança de que todo este ruído não passe de folclore. Mas também é verdade que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, sendo que neste caso, nem a pedra é muito dura, nem a água é muito mole."
Luís Fialho, in O Benfica
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