"Seria mentiroso se dissesse que gostei daquele jogo de domingo na Madeira ou daquela exibição a preto e branco tão distante daquilo que o Benfica sabe e já produziu. Seria hipócrita se não dissesse que gostei muito de ganhar os três pontos na Madeira. Ainda mal retemperado do sofrimento de 90 minutos, próximos do pior desta época, sentei-me a ver os jogos dos rivais, intervalados de outras ofertas desportivas mais atractivas. No final da noite o resultado era excepcional. O Benfica a jogar pouco faz melhor do que os assumidos concorrentes a jogar bem. Sporting e FC Porto ficaram amarelos com Paços de Ferreira e Estoril e no fim da noite a exibição do Benfica nem parecia tão pálida como às 18 horas. O fleumático Bobby Robson diria «three points very good, three points». A classificação é óptima mas teremos que jogar muito mais para ser campeões. Este descanso é um cansaço. Primeiro porque os nossos melhores jogadores actuam sem parar ao serviço das suas selecções e segundo porque todos os dias nos vendem meia equipa no mercado de Janeiro.
Bruno de Carvalho, numa altura em que parecia ter dado alguma estabilidade ao Sporting, resolveu entrar em guerra com 7 dos 10 milhões que habitam Portugal. Para quem está em oitavo lugar na Liga e ainda em todas as provas que quer vencer, não me parece uma estratégia muito sagaz. O FC Porto, que é terceiro classificado e já não disputa o seu segundo maior objectivo, mostra uma estabilidade que me parece bem mais apropriada.
Jonas mostrou mais uma vez ser o joker nas aquisições do Benfica. A mim enche-me as medidas, pelo que joga, pelo que defende, pela qualidade de recepção e passe tanto como pelos golos que marca. Jonas é classe e o futebol com classe é muito mais bonito. Jonas joga assim com a equipa abaixo daquilo que é capaz, imaginem com a equipa a jogar bem."
Sìlvio Cervan, in A Bola
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