"Na terça à noite, exultei e emocionei-me a assistir à reposição, na Benfica TV, do quinto episódio de “Vitórias & Património” (um programa que, se passasse na Porto TV, intitular-se-ia “Vitórias & Aumento do Património dos Árbitros” e, se estivesse na grelha da Sporting TV, chamar-se-ia apenas “Património”), a propósito do cinquentenário da conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus.
Antes de mais, é necessário ter presente que, em 1961, o futebol era muito diferente daquilo que é hoje em dia, nomeadamente porque havia, pelo menos, uma defesa contra a qual o Barcelona não fazia farinha. Outros tempos. Mas o ataque do Sport Lisboa e Benfica não ficava atrás: tinha jogadores com tanta qualidade, que o Eusébio nem era convocado.
Regressando ao documentário, há vários momentos assinaláveis. A saber: José Águas, na segunda mão das meias-finais contra o Rapid de Viena, implora ao árbitro inglês que assinale uma grande penalidade a favor dos adversários (“Marque o penálti, senhor, para ver se saímos todos daqui vivos!”); Mário João declara que, hoje em dia, senta-se a ver a final contra o Barcelona todas as semanas; vê-se o lance em que a bola bate num poste da baliza de Costa Pereira, atravessa a linha, bate no outro poste e sai (é curioso como a do Isaías, contra o Milan na Luz, já não tem tanta graça); vê-se o golo monumental, a partir do qual o Sr. Coluna devia ter passado a ser tratado por Dr. Coluna; nos últimos 15 minutos, perante a pressão do Barcelona, o Benfica estaciona o autocarro (o que, na altura, significava passar-se a jogar com quatro defesas); no final dos 90 minutos, o presidente do Benfica, Maurício Vieira de Brito, decide celebrar a vitória, tendo um AVC – ao seu lado, os funcionários do clube que estavam a saltar, todos nus, e a beber champanhe da garrafa sentem vergonha por, comparativamente, estarem a festejar de forma tão contida. Mais tarde, já recuperado, o presidente diria aos jogadores, no balneário: “Morrer ali, a ver o meu Benfica campeão europeu, não seria assim tão terrível.”"
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