"Neste ano, a pandemia impôs-se e quis mandar em nós. Não quis que jogássemos à bola juntos, nem que juntos gritássemos na Luz. Quis que nos amedrontássemos a cedêssemos à paralisa, que defenhássemos entre paredes e espreitássemos a medo para o futuro. Mas a tudo isto resistimos a continuamos a resistir, porque somos Benfica.
Também nas escolas foi assim, duro a desafiante para todos, mas não seria por isso que não se faria a tradicional sessão de avaliação e premiação do segundo período. Nem pensar! Como sempre, houve que inovar e dar a volta por cima das limitações, evitando os pontos fracos e tirando partido dos pontos fortes e das oportunidades que uma crise, por mais dura que seja, sempre oferece. E assim foi, na verdade, pois, se são pudemos estar presente de carne e osso em todas as escolas do projecto, pudemos estar todos juntos ao mesmo tempo numa sessão inédita com dimensão nacional muito apreciada por todos que resultou em motivação redobrada e espírito de equipa reforçado. Foram inúmeras as adaptações na vida escolar e familiar, e todos os nossos jovens, famílias e escolas deram e estão a dar uma resposta à altura. Só por isso já estariam de parabéns, mas o que conta, verdadeiramente, são os resultados, e esses continuam a consolidar-se, mostrando que os nossos jovens aprenderam a principal lição do projecto Para tu Se não falares!, a resiliência.
Essa palavra que designa a capacidade humana de resistir e prosperar nas condições mais adversas envolve muitas qualidades, valores que importa cultivar pela vida fora. Desde logo a humildade, não em excesso nem corrosiva da vontade própria, aquela humildade de quem não se deslumbra com o que sabe ou tem, de quem olha os outros, num patamar de nível e reconhece que, não estando sozinho no mundo, sem eles será sempre muito pouco.
Mas também a autoconfiança, o saber de que 'tudo vai ficar bem' e do trabalho a fazer para isso, quantas, vezes nada menos que a superação. Essa mobilização do que somos, que desperta o sangue e faz subir a adrenalina da conquista num quase-revolta que nos faz levantar depois de cada queda, erguer e cabeça sem altivez, mas com firmeza pétrea, mostrando ao mar revolto que a cada investida a nossa nau progride, range e balança, mas progride ligeira e forte como se roubasse energia a cada vaga e tornasse épica a viagem da vida. É desta fibra que somos feitos, é esta a estatura indestrutível do Benfica, e é essa também a sua maior inspiração para todos. Do vigor dos relvados ao calor das bancadas, e daí ás batalhas da vida real, transformamos trabalho em sucesso, o sonho em vitórias. É assim também com estes jovens que mostram estar à altura desde legado!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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