"É também por Messi ser Messi, assim mesmo em capitais, que não consegue escapar aos juízos de valor que lhe afixam à figura como post-its de ajuda em batalhas perdidas contra o esquecimento. A luta entre o que é e o que não consegue ser, de cada vez que atravessa o Atlântico, não tem fim.
O pior sinal que emerge das Pampas é a resignação à catástrofe. A derrocada diante da Colômbia de um Queiroz sempre estratega apresentou-se à vista de todos como demasiado previsível para um país que lançava projectos de D10S de cada vez que um argentino tropeçava numa pedra. Hoje, é uma selecção a entrar em falência de baliza a baliza.
O Argentina - Colômbia, como muitos Argentinas-qualquer-coisa antes desse, reforçou ao mundo a diferença entre ter ou não ter um plano, estar organizado ou viver no caos, e fazer parte de um tecido colectivo ou esperar que o mais terráqueo dos deuses cubra todos os vazios. Nada mais do que o reflexo de um país imerso na desorganização, no caos, na crise económica, na corrupção e na falta de liderança.
A Sampaoli, que não saiu bem do Mundial, negou-se a oportunidade de construir novo grupo a partir dos olímpicos e Scaloni, que até aí se encarregava de analisar adversários, tornou-se suposta aposta de continuidade numa federação secada durante 35 anos por um eucalipto chamado Grondona.
É neste contexto, que talvez devam comparar ao do Barça, que esperam que Messi seja ele próprio. Um Messi que na Catalunha até pode ser a última peça do puzzle, mas onde não lhe podem para ser a primeira. Enquanto crescia entre menotismo e bilardismo, ou entre romantismo e pragmatismo, Maradona afastou Passarella e quis ser a primeira, a segunda e até a última peça de um quebra-cabeças muito difícil de completar. É essa arrogância que faz a diferença."
Luís Mateus, in A Bola
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