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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Na hora H!

"Surgiu em Salónica o que faltou na Luz... E ainda o dérbi, nalguns comentários.

Futebol também é isto... O Benfica poderia ter decidido o crucial play-off em Lisboa, vencendo por diferença de 3 ou 4, e veio a fazê-lo em Salónica, conseguindo reagir ao tremendo susto no 1.º quarto de hora. A estrelinha grega na Luz virou lusitana num estádio onde, nas pré-eliminatórias, recorde-se aos esquecidos, sucumbiram Basileia e Spartak de Moscovo. Estrelinha surgiu ontem quando a estupenda cabeçada de Jardel foi mesmo na hora H para pregar murro no estômago de PAOK galvanizadíssimo. E, pouco depois, duplo brinde do guarda-redes deu penálti para o 1-2. Magnífica foi a jogada para 1-3: vistoso arranque de Grimaldo e Cervi, cruzamento raso para a entrada de Pizzi, em jeito, colocando a bola pertinho do poste.
Os meus destaques:
- Jardel imperial, no golo e a defender.
- Grimaldo e Cervi, raçudos e hábeis no jeito que mais ao jeito lhes vai: contra-ataque.
- Odysseas agarrando a baliza.
- Importância de Salvio lá estar...
- Seferovic... Pois é! Sempre descri da sua contratação há um ano. Ontem, batendo-se a sério, arrastando defesas - vide golo de Pizzi -, fez o que Vitória lhe pediu. Recordo: também na 2.ª mão em Istambul, noutro apelo a mais físico e mais profundidade, Ferreyra de fora, Castillo titular. Só que lesiona-se aos 20 minutos e ainda não pôde voltar...

Dérbi. Porque logo à 3.ª jornada, provocou críticas de que o sorteio deveria ser trabalhado, amaciando adversários para os clubes com competições europeias. Discordo. Rio Ave e SC Braga não tiveram duro calendário e, num ápice, adeus Liga Europa - chocantemente batidos por equipas de terceira categoria. E não foi por beneficiar de desgaste portista que o V. Guimarães venceu no Dragão! Pensem, muito a sério, é nos motivos de o nosso futebol de clubes ir descendo no ranking - confrangedores/sucessivos fracassos de quase todos -, ao ponto de o vice-campeão já estar sujeito a 2 eliminatórias para entrar na Champions.
Quanto ao dérbi, alguns comentários:
1 - Empate com sabor sportinguista a triunfo teve forte base na lucidez estratégia de José Peseiro. Desde logo: apostando em mudar Acuña do seu habitual flanco para médio central ao lado de Battaglia, ali ergueu duríssima muralha argentina. Eles foram fulcro do êxito defensivo - forte bloco imediatamente à frente de eficaz dupla Coates - André Pinto, este aproveitando muito quente oportunidade -, a par de Salin, o tal, não contratado agora, que estaria farto de ficar na sombra do incontestável Rui Patrício e até ia ser dispensado... Também muito bem Nani (um senhor, tacticamente) e... Montero - inteligente e ágil na busca de espaços, com bom controlo de bola, bem acima do que Bas Dost, creio, poderia fazer neste Sporting com escassa capacidade de contra-ataque, até porque Bruno Fernandes, quiça demasiado à frente para tentar travar início de construção benfiquista, não foi o habitual maestro de ligação entre médios e avançados.
2 -Benfica atacou imenso (Odysseas quase espectador). Só que, ora por ineficácia, ora pelas defesas de Salin, esteve a pouquíssimos minutos de ser derrotado! Muito interessante pormaior num duelo de méritos. O do Benfica: nos últimos jogos, vinha diminuindo sistemáticos cruzamentos por alto para a grande-área (rebuçados aos defesas, pois, com excepção de Jardel e Rúben, quando lá vão nos cantos ou em faltas próximo da grande-área - às vezes, também de Salvio, ausente no dérbi -, nenhum benfiquista ganha uma bola em cabeçada!); o Benfica passara a preferir cruzamentos rasteiros e para trás, visando entrada dos médios. Mérito do Sporting: Peseiro decerto detectou isso e a tal muralha argentina, Battaglia-Acuña, esteve muitíssimo atenta, antecipando-se nos espaços para Pizzi e Gedson rematarem.
João Félix, 18 aninhos, talento às carradas. Quanto a mim, colocá-lo a ponta de lança, em vez de Ferreyra - como li e ouvi - seria queimá-lo. É 2.º ponta de lança, ou, como jogava nos juniores e nos B, partindo da esquerda para surgir na grande-área. Lembro: para o seu golaço de cabeça, entrou nas costas de Seferovic, estando os defesas centrais absolutamente concentrados no suíço... Sem presença de puro ponta de lança, muito dificilmente haveria aquele golaço. Dito isto, passo a frisar: nem Cervi, nem Rafa, nem Zivkovic marcariam como João Félix marcou; nenhum deles possui o poder de impulsão e a técnica de cabeceamento que o menino exibiu. E isso, limitando capacidade aérea, e atlética, na grande área a um Ferreyra ainda tão frouxo, tem sido problemão benfiquista..."

Santos Neves, in A Bola

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