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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Futebol como laboratório da sociedade

"O populismo é um dos maiores perigos para as democracias modernas. À escala, o trágico caso do Sporting deve servir de sério aviso.

A crise que assola o Sporting mereceu, em duas publicações de referência, fora da área desportiva, Expresso e Público, uma atenção particular, que contribuiu para enquadrar, na devida medida, o problema. Miguel Sousa Tavares e Vicente Jorge Silva, relacionaram a presente tragédia sportinguista com o fenómeno do populismo, um dos principais perigos para as democracias modernas. Disse, a propósito, em metáfora, Sousa Tavares que é «preciso matar os Brunos de Carvalho à nascença», ou seja, torna-se imperioso que a sociedade se proteja dos populistas demagogos. E se, em retrospectiva, há algo a recriminar à comunicação social no caso de Bruno de Carvalho, foi o escasso escrutínio a que foi sujeito quando apareceu na cena pública. Já Vicente Jorge Silva escreveu que «não podemos continuar a dormir se não queremos que os Brunos de Carvalho se reproduzam noutras espécies - sociais e políticas - e os bandos de arruaceiros das claques antecipam as brigadas fascistas e nazis de sinistra memória».
O Sporting entra hoje numa semana decisiva para o seu futuro e cada dia sem uma solução é um tiro na alma do leão. Se o rumo que o clube vai seguir for aquele que foi anunciado por Bruno de Carvalho - sessões de esclarecimento pelo país, à imagem do PREC, na convicção de que assim será possível blindar o presidente da contestação generalizada, a que se segue uma Assembleia Geral para decidir o que deve ser decidido na serenidade das urnas - o clube de Alvalade corre riscos muito profundos e persistentes. Repito o que escrevi há dois: uma instituição centenária, com milhões de adeptos, como o Sporting Clube de Portugal, mão correrá risco de existência. Mas o retrocesso pode ser dramático, com consequências que pendurarão por muitos anos. A resposta está nos sportinguistas, entre os quais incluo aqueles que vão suportando o quórum do Conselho Directivo. São eles que, mais dia menos dia, vão ser confrontados com a responsabilidade histórica pelo que estão a fazer. E, se parece evidente um certo afastamento da realidade de Bruno de Carvalho (a responsabilização dos jogadores pelo que aconteceu em Alcochete pareceu aquele culpabilização das vítimas que é feita noutros crimes igualmente hediondos), como explicar quem o mantém, ainda, no poder?

Ás
José Mota
Treinador da boa escola portuguesa, aprendeu com os grandes mestres do empirismo e reforçou valências com conhecimentos científicos. Representa bem uma geração de técnicos que sabem o que é um jogo de futebol só pela intuição, algo que não se ganha com carreiras de aviário. Merece ser feliz.

Ás
Quim
Aos 42 anos levantou a Taça de Portugal, no Jamor, após um jogo de tremenda intensidade emocional para avenses e leões. Assim, o palmarés deste internacional por Portugal em 32 ocasiões, ficou completo, já que sabia o que era ser campeão nacional e vencedor da Supertaça. Um ocaso de carreira em beleza.

Ás
Alexandre Guedes
O heróis do Jamor, formado no Sporting, tem um percurso sólido nas selecções jovens de Portugal, que representou dos sub-15 aos sub-20. Aos 24 anos, mostrou ao País, no dia mais importante da história do Desportivo das Aves, que é um avançado a ter em conta no panorama nacional. Foi protagonista na festa da Taça...

Quando se passa do ponto de não retorno
«Quem não vai continuar no Sporting é Bruno de Carvalho. A única coisa que existe é um morto-vivo»
Álvaro Sobrinho, segundo maior accionista da SAD do SCP
Bruno de Carvalho tem dinamitado, uma a uma, todas as pontes que o ligavam às várias sensibilidades do Sporting. A violência verbal do debate com aquele que foi o seu principal financiador, é mais uma prova disso mesmo. E com José Maria Ricciardi aconteceu o mesmo (se não pior...). Bruno de Carvalho, acossado, vê o chão fugir-lhe debaixo dos pés e escolhe a fuga para a frente.

Honra aos vencedores
O Desportivo das Aves inscreveu o nome na lista prestigiada de vencedores da Taça de Portugal, na sequência da vitória de ontem sobre o Sporting. Clube pequeno, de uma vila do concelho de Santo Tirso com 8500 habitantes (estariam todos no Jamor?), acabou de se libertar da lei da morte, graças a uma proeza para a eternidade. No Desportivo das Aves, que vive em paz na relação entre o clube e a SAD, de capitais chineses, encontra-se também um exemplo que podia ser seguido por outros emblemas. Façam a festa. Merecem-na bem.

Uma capa para memória futura
15 de Maio de 2018, dia da vergonha do desporto português. O assalto à academia do Sporting ficará para sempre como um momento de barbárie, impossível de esquecer. Por mais que a alucinação procure imputar responsabilidades indirectas às vítimas, estas só podem merecer solidariedade."

José Manuel Delgado, in A Bola

1 comentário:

  1. Houve muitos que estiveram demasiado tempo calados. Não terá sido já tarde este despertar? É que até agora não faltaram os que deram eco aos devaneios de um maluco e dos seus apóstolos!

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