"Bruno de Carvalho de saída?
1. Acabou o ciclo de Bruno de carvalho. A sua saída é uma questão de dias. E ele é o único culpado de tudo isto. Até terá feito coisas positivas: a regeneração financeira do Sporting; o reforço da sua projecção desportiva; a construção de infraestruturas para as actividades amadoras.
2. Só que nos últimos tempos cometeu alguns pecados fatais:
a) Primeiro: quis ser o Pinto da Costa do Sporting e falhou. Deslumbrou-se com o poder, abusou do poder e quis ser o dono do clube. Isto foi-lhe fatal.
b) Segundo: teve uma síndrome napoleónica e quis controlar tudo, quis mandar em todos e disparou em todas as direcções. Outro erro fatal.
c) Terceiro: não percebeu que num clube de futebol o mais importante não é o presidente, nem são os directores, nem os treinadores. São os jogadores. Afrontar os jogadores é o suicídio para qualquer um.
d) Finalmente: foi o instigador moral da violência de Alcochete. Foi o seu discurso irresponsável que criou a atmosfera que levou aos acontecimentos desta semana. Só isto implicava a sua saída.
3. Finalmente: o risco do populismo. Uma grande parte dos sócios do Sporting só agora se apercebeu dos vícios do seu presidente. Já há anos tinha sucedido o mesmo fenómeno no Benfica com Vale e Azevedo. Convinha, no futuro, haver mais atenção! É com estas desatenções que se vai deixando medrar o populismo. Hoje no futebol. Amanhã na política. Depois não se queixem!
Violência do Futebol - De quem é a culpa?
1. De quem é a culpa da violência no futebol? Primeiro, dos clubes, porque estão nas mãos das claques; depois, da Liga que está nas mãos dos clubes; e, finalmente, dos governos, que são fracos, incompetentes e têm medo de agir. A FPF é a única que tem alertado e batido o pé.
2. Vejamos alguns exemplos:
a) Primeiro: os políticos passam a vida de braço dado com os dirigentes do futebol. Depois não têm autoridade nem independência para agir. Fazem vista grossa a tudo.
b) Segundo: não há coragem de aplicar sanções. Olhemos para o caso de Alcochete:
- A justiça e a política agiram, e bem.
- Do lado desportivo, todos falharam, e mal.
- Algum dos prevaricadores foi expulso de sócio do Sporting? Algum dos prevaricadores foi inibido de entrar nos estádios de futebol? Algum inquérito disciplinar? O Sporting, a Liga ou os organismos do Estado tomaram alguma decisão? Nada. Hoje é no Sporting. No passado foi no FC Porto ou no Benfica. A história repete-se e ninguém actua.
c) Terceiro: não há coragem de controlar as claques e sancionar os clubes quando as claques prevaricam. Se o futebol é um mundo à parte, as claques são verdadeiros Estados dentro do Estado.
- São escolas de crime e ninguém lhes vai à mão.
- São guardas pretorianas dos presidentes dos clubes e acabam a mandar nos presidentes, sem que ninguém ponha ordem na casa.
É assim no Sporting.
- É assim no FC Porto e é assim no Benfica. Alguém agiu? Nem os clubes. Nem a Liga. Nem os governos. Todos fazem vista grossa.
d) Quarto: além de fraqueza, só se vê incompetência. Toda a gente diz que temos as melhores leis do mundo. É mentira. A nossa lei contra a violência no desporto só permite aplicar sanções acessórias (tipo interdições) no âmbito dos espectáculos desportivos. E fora destes, como é o caso de Alcochete? Como não havia espectáculo desportivo, a lei não se aplica. Como é possível? Por que é que não se corrigiu e alterou a lei? Isto é incompetência à solta.
3. Apelo ao Presidente da República – O PR tem falado muito, e bem, dos riscos do populismo. Ora, o populismo também se alimenta disto: do medo; da insegurança; do extremismo; da fragilidade das instituições. Pois bem. Gostaria de ver o PR a "obrigar" o Governo a tomar medidas e a aplicar sanções a sério para combater a violência no desporto. Porque os clubes nunca aplicarão uma única sanção. Se o fizer, o PR dará uma boa ajuda para combater o populismo. É que o populismo combate-se agindo e não só falando. No futebol e na política.
Os Devedores aos Bancos
1. Há muito que reclamo – tal como outros – que os bancos que tiveram ajudas do Estado devem divulgar a lista dos seus principais devedores. Os banqueiros, a começar no Banco de Portugal, normalmente opõem-se.
2. Esta semana, tivemos esta coisa curiosa: um dos mais prestigiados banqueiros do mundo – Horta Osório, Presidente do Lloyds Bank em Inglaterra – veio dizer o seguinte:
- Se há lucros, os accionistas dos bancos beneficiam.
- Se há perdas, os accionistas têm de assumir as suas responsabilidades e injectar capital.
- Se não o podem fazer e o Estado tem de intervir, então é da mais elementar justiça que o país saiba ao menos quem foram os grandes devedores dos bancos que originaram prejuízos, buracos e imparidades.
3. Foi preciso ser um banqueiro vindo de fora – e um dos mais influentes do mundo – a dizer o que nenhum banqueiro em Portugal ousa dizer, apesar de ser de meridiana clareza e transparência. Afinal, ainda somos muito provincianos.
4. Esperemos, agora, que o Parlamento mude a lei para que a transparência se afirme em definitivo.
(...)"
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