"Todos os grandes impérios caíram em virtude das suas divisões internas. O poderio militar do Império Romano, na maior parte da sua história, era invejado pelo resto do mundo antigo. Mas, durante o seu declínio, a imagem das outrora poderosas legiões começou a mudar. Incapazes de recrutar suficientes soldados da cidadania romana, imperadores como Diocleciono e Constantino começaram a contratar mercenários estrangeiros para engrossar as suas fileiras. As legiões, eventualmente, encheram-se de germânicos godos e outros bárbaros, tanto assim que os romanos começaram a usar a palavra em latim 'barbarus' no lugar de 'soldado'. Enquanto esses soldados provaram ser guerreiros ferozes, ao mesmo tempo não tinham lealdade do império, e os seus oficiais, sedentos por poder, voltavam-se muitas vezes contra os seus empregadores romanos. De facto, muitos dos bárbaros que saquearam a cidade de Roma e derrubaram o Império do Ocidente conquistaram as suas patentes militares enquanto serviam em legiões romanas.
Para Telleyrand-Périgord, ministro das Relações Exteriores de Napoleão Bonaparte, 'traição é uma questão de datas'. Talvez por isso, Talleyrand não só tenha abandonado o imperador mas também mudado radicalmente de lado. Numa época em que a França espalhava pela Europa os princípios da revolução, ele organizou a deposição de Napoleão e a volta dos Bourbons para restaurar a monarquia.
Judas Iscariote não traiu 'simplesmente' uma pátria, um partido ou uma ideologia. O mais famoso traidor da história é até hoje lembrado como o sujeito que deu ma rasteira no filho único do Todo-Poderoso. E pior: segundo a Bíblia, Judas entregou Jesus Cristo aos soldados romanos em troca de míseras 30 moedas de prata. Arrependido, o apóstolo tentou devolver o dinheiro e voltar atrás, mas já era tarde. Cristo foi crucificado, e Judas culpado, suicidou-se."
Pragal Colaço, in O Benfica
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