"1. Jorge Jesus, em 2015, pretendeu insultar Rui Vitória, afirmando que para treinar uma equipa como o Benfica era necessário ter habilitações para tal – da mesma forma que conduzir um Ferrari não é para todos. Rui Vitória não teria “mãos para um Ferrari”.
2. Ora, volvidos dois anos, o que nos dizem os factos? Rui Vitória é bicampeão, entrando para a história como concretizador do primeiro tetracampeonato do clube, já venceu uma Taça da Liga, uma Supertaça, chegou aos Quartos de Final da Liga dos Campeões e prepara-se para ganhar mais uma Taça de Portugal. Em dois anos, é obra! Em termos comparativos, Rui Vitória já fez mais nos primeiros dois anos como treinador principal do Benfica do que Jorge Jesus, o qual, por esta altura, apenas tinha ganhado um campeonato…
3. Os factos mostram, pois, à exaustão que Rui Vitória tem sido o verdadeiro homem do leme, ou melhor, o homem do volante do Lamborghini que é o plantel do Benfica. Já se fez tudo para descredibilizar o treinador do Benfica e desvalorizar as vitórias do Glorioso: em vão, porquanto a equipa revela-se cada vez mais forte, com mais alma, com mais resiliência colectiva.
Desafio para o futuro? Desafiar os limites da Glória do Glorioso, que é dizer, manter a chama da vitória bem acesa. Há que conquistar o penta no próximo ano, consolidando o ciclo dominador do Sport Lisboa e Benfica no futebol português. Domínio, esse, traduzido em vitórias desportivas, no campo, com lealdade e orgulho.
Já quanto aos rivais do Benfica, nota-se já uma inversão de estratégia. No caso de Bruno de Carvalho, os primeiros meses do seu segundo mandato não têm corrido particularmente bem, o que leva o Presidente do Sporting a reponderar a sua estratégia.
Sentido, Bruno de Carvalho já estuda as possibilidades legais ao seu alcance para despedir Jorge Jesus com o mínimo custo possível. Ponderando a personalidade do técnico leonino, diríamos que Jesus sairá com uma indemnização mais reduzida (nunca dela abdicará!), desde que a sua relação com Bruno de Carvalho cesse definitivamente. Não tenhamos dúvidas: Bruno de Carvalho e Jorge Jesus são bacteriologicamente incompatíveis.
4. Incompatíveis porque ambos são demasiado ambiciosos, com um ego ilimitado e com sede de poder (efectivo e mediático) – duas pessoas com tentações mediáticas tão gigantes quanto incontroláveis só podem viver em conflito. No primeiro ano de Jesus, o conflito – que esteve sempre em Alvalade, ainda que meramente aparente – foi disfarçado pelas vitórias do Sporting, que redundaram na melhor época do clube desde a temporada 2001/2002.
Perante a frustração da derrota na época transacta e a tragédia da época presente, os egos de Jorge Jesus e Bruno de Carvalho ressurgiram: Bruno de Carvalho precisa de culpar Jorge Jesus pelas derrotas para não erodir sua base eleitoral de apoio; já Jorge Jesus precisa de culpar Bruno de Carvalho e a estrutura directiva do Sporting para não beliscar a sua aura e fama de melhor treinador português.
5. Conclusão: a manutenção no cargo de treinador do Sporting na próxima temporada será fatal para Jorge Jesus – ele será sempre o elo mais fraco, ficando nas mãos (que é dizer, dependente das conveniências eleitorais) de Bruno de Carvalho. Jesus terá de tramar Bruno de Carvalho – antes que Bruno de Carvalho trame Jorge Jesus. É um verdadeiro jogo do gato e do rato a que assistiremos nas próximas semanas em Alvalade.
6. E os sportinguistas já devem estar seriamente preocupados: Bruno de Carvalho acabou de cometer um erro crasso e gravíssimo para a afirmação do clube ao juntar-se ao Futebol Clube do Porto: significa que o Sporting se menoriza face à estratégia comunicacional do Porto. Nuno Saraiva, talvez sem saber, acabou de começar a escrever a história do seu fim no Sporting.
7. Afinal, os críticos – como Rogério Alves e Paulo Farinha Alves - podem mesmo estar certos: o Sporting Clube de Portugal pagará bem caro a presidência cheia de precipitações de Bruno de Carvalho (que tinha qualidades pessoais para fazer mais e melhor…)."
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