"O mês de setembro marcou o arranque da Liga BPI depois de um defeso pontuado por algumas transferências, envolvendo o mercado nacional, que deram que falar no âmbito europeu. Mas a última semana, em particular, foi incrível para quem acompanha e vive de forma envolvente o futebol feminino em Portugal.
Já aqui tinha deixado, neste espaço, referência à forma como o FC Porto de André Villas-Boas se empenhou para cumprir uma das suas promessas eleitorais, o da criação do futebol feminino no clube. E o que se viu no jogo de apresentação, não deixa de ser entusiasmante para os amantes desta disciplina: o Estádio do Dragão como palco principal e bancadas cheias batendo todos os recordes de assistência: 31.093 pessoas a assistir e a apoiar. Um sinal que dá força, mas que responsabiliza quem está à frente deste projeto.
A candidatura à organização do Europeu Feminino de 2029, assumida pela FPF na semana passada, é, à primeira vista, uma boa ideia. Mas que nos obriga, a todos os que andamos neste meio, a sermos cada vez mais intervenientes e exigentes. Por exemplo a pedir que a profissionalização da Liga feminina seja uma realidade o mais depressa possível. É muito bonito querer trazer para o nosso País as melhores seleções, os melhores treinadores e equipas de arbitragem… mas acima de tudo temos de dar o exemplo internamente, criando uma Liga que seja atraente para as melhores jogadoras.
Portugal tem, esta época, duas equipas empenhadas em garantirem presença nos grupos da Liga dos Campeões. Benfica e Sporting conseguiram ultrapassar a primeira fase de acesso com relativa facilidade, o que demonstra o potencial de ambos os emblemas também a nível europeu. Seguem-se as visitas a Lisboa do Real Madrid e Hammarby, campeão sueco, para jogarem com o Sporting e Benfica, respetivamente, a próxima fase de acesso, que se disputa a duas mãos. Jogos que deviam merecer os palcos principais, ou seja, Alvalade e Luz. Mas, pelos vistos, não será assim. O que é pena.
Não posso deixar enaltecer o facto de uma treinadora portuguesa se encontrar entre as seis nomeadas para a Bola de Ouro. Filipa Patão ganhou tudo na temporada passada a nível interno, formou uma equipa que chegou longe na Champions, viu o seu clube fazer uma das maiores transferências internacionais, com a mudança de Kika Nazareth para o Barcelona. A prova de que com pouco se faz muito e que pese embora sermos um País periférico, basta alguma organização e resiliência para os frutos surgirem… Parabéns!
Já agora, na minha modesta opinião, não teria ficado nada mal ver a Lúcia Alves também na lista das jogadoras nomeadas para a Bola de Ouro: para uma lateral-direito, fez números estratosféricos em 2023/2024: 43 jogos, 11 golos, 17 assistências, quatro troféus e quartos de final da Champions. Porque, sem lhe retirar qualquer mérito, se a treinadora está nomeada… às suas jogadoras o deve. E será difícil encontrar, mundo fora, uma lateral-direito com números melhores na época passada.
Não deixou de ser uma semana incrível! Que venham mais assim."
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