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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O dilema do capitão | SL Benfica


"Nicolás Otamendi reforçou o Sport Lisboa e Benfica no início da temporada 2020/21, seguindo o percurso inverso de Rúben Dias, que seria vendido ao Manchester City. A chegada de Otamendi ao clube não foi muito bem recebida pela generalidade dos benfiquistas, não só pelo seu passado num clube rival, mas também porque este reforçou o clube já numa fase avançada da sua carreira, na qual muitos adeptos (eu inclusive) questionavam se seria capaz de acrescentar mais-valia à equipa.
O percurso de Otamendi no clube encarnado não começou bem, tendo cometido vários erros que viriam a custar golos sofridos à equipa. Outra questão que não foi do agrado dos adeptos foi o facto do central argentino ter sido o jogador no Benfica que menos jogos precisou para ostentar a braçadeira de capitão, ao assumir a mesma na segunda parte do jogo contra o Lech Poznan a contar para a Liga Europa, o seu terceiro jogo oficial de águia ao peito.
Mas a verdade, é que apesar de duas épocas péssimas a nível desportivo, o central internacional argentino foi um dos jogadores mais regulares da equipa nesse período, tendo conseguido conquistar o respeito dos adeptos. Mas mais importante que isso, Otamendi mostrou ser o capitão que faltava à equipa desde a retirada de Luisão.
Com a chegada de Roger Schmidt ao comando técnico da equipa, uma das questões que se colocou acerca da construção de um plantel à medida das ideias do técnico alemão, era de que era necessário renovar o centro da defesa, visto que não se poderia colocar uma equipa a jogar de forma agressiva e com as linhas subidas com dois centrais lentos e envelhecidos. Posto isto, muitos benfiquistas defendiam que era imperativo que entre Otamendi e Verthongen, pelo menos um deles teria de ser vendido.
A fava acabaria por calhar ao central internacional belga, que viria a deixar o Benfica à beira do fecho do mercado, depois de ficar tapado pelos jovens Morato e António Silva. Enquanto isso, Otamendi continua a ser titular indiscutível tanto no Benfica (tendo já chegado aos 100 jogos de águia ao peito), como na selecção argentina, rubricando exibições de grande nível.
Porém, fazendo 35 anos em Fevereiro e terminando contrato no final da temporada, muitos benfiquistas questionam legitimamente se ele será capaz de manter este nível a médio prazo. Ainda para mais, jogando numa posição na qual o Benfica tem o futuro salvaguardado, com a presença de António Silva, Morato, Lucas Veríssimo, João Victor, tendo ainda Tomás Araújo emprestado ao Gil Vicente FC.
No entanto, Lucas Veríssimo vem de uma lesão gravíssima; Morato lesionou-se após um início de época muito bom; João Victor chegou lesionado e ainda teve poucas oportunidades para se mostrar, enquanto Tomás Araújo tem sido suplente no emblema gilista. Portanto, existe ainda muita incerteza face às alternativas existentes no plantel.
Por outro lado, Nicolás Otamendi continua a mostrar-se como um líder dentro e fora de campo, algo que já faltava à equipa há alguns anos. E perante a falta de referências que ainda existe no plantel, o Benfica também corre o risco de perder aqui alguém que exerce esse papel na perfeição.
Até ao final da época, haverá coisas que ainda poderão mudar. E a volatilidades das circunstâncias fará com que esta seja uma decisão que tem de ser muito bem ponderada. E, acima de tudo, os dirigentes do Benfica não podem tomar esta decisão, deixando-se condicionar pelos erros do passado."

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