"Gustave Flaubert, na eclosão da guerra franco-prussiana, confrontado com todos os que se desdobravam na asserção de que nada seria igual no futuro, afirmou, contrariando e expondo a vacuidade dessas palavras, que “seja o que for que aconteça, continuaremos estúpidos”. O futuro encarregou-se de validar o seu cepticismo face à humanidade...
É por isso, talvez, que sinto dificuldade em acolher declarações reveladoras de intenções benévolas emanadas de uma suposta introspecção motivada por circunstâncias extremas, por parte de quem, no passado, pela sua conduta, só demonstrou mover-se por interesses próprios ou, pelo menos, nada fez para alterar o curso dos acontecimentos.
Veja-se o exemplo de Infantino, presidente da FIFA, ao dizer que “este período de pausa é perfeito para reformar o futebol mundial”. O mesmo que, conhecendo-se os escândalos relacionados com a atribuição do mundial ao Qatar, não conseguiu – terá tentado? – que o mundial deixasse de ser organizado por esse país ou que não enjeitou a oportunidade de se manifestar satisfeito com o progresso das obras dos estádios no Qatar, participando na escamoteação das condições sub-humanas a que muitos dos trabalhadores dessas empreitadas foram sujeitos... Deve ser levado a sério?
Razão tem Tiago Pinto ao afirmar que “por mais que o mundo mude, o Benfica vai ter a necessidade de continuar a ganhar”. Desenganem-se aqueles que acham que, no essencial, haverá grandes modificações. Assim como o Benfica terá de continuar a ganhar, a deriva anti-benfiquista, sediada em Contumil com uma sucursal no Lumiar, na qual não interessam os meios para se atingirem os fins, persistirá desesperada e insistentemente. Não duvidemos!"
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