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terça-feira, 28 de abril de 2020

Águas de ouro

"Com 2 golos, Rui Águas devolveu o Benfica a uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus

'Porquê afinal este continuo e amargurado adiar, ano após ano, do velho sonho de ver o Benfica regressado às suas grandes noites europeias? Porquê, afinal, continua o monstro adormecido?' A cada desaire, os benfiquistas faziam a mesma pergunta.
Na temporada 1987/88, o Benfica, após ter eliminado o Anderlecht nos quartos de final, defrontou o Steaua Bucareste. A 1.ª mão, jogada em casa dos romenos, causava enorme expectativa, pelas dificuldades que as equipas de Leste impõem no seu recinto. Para agravar a situação, Rui Águas tinha 'uma ligeira lesão na tíbia' contraída na partida frente ao Penafiel, da 28.ª jornada do Campeonato Nacional.
Na Roménia, o Benfica lidou com uma equipa extremamente agressiva, com os jogadores e sofrerem entradas excessivas, 'uma carga violenta sobre Rui Águas e logo de seguida uma cotovelada desferida no rosto de Elzo'. Contudo, o Clube apresentou uma estratégia bem delineada e conseguiu um resultado que dava boas perspectivas para o encontro em Lisboa, o empate a zero.
Com o Benfica cada vez mais próximo da final, a expectativa dos adeptos era elevada. Com início às 21h, as bancadas do Estádio da Luz 'estavam completamente repletas desde as 18h45'. Quando o Steaua entrou em campo, ecoou 'limpidez do assobio, enquanto o semblante individual e característico dos romenos se transforma num confuso desenho de contornos e terror, admiração e desconfiança. O «inferno» estava em chamas'. O Benfica entrou determinado na partida, com uma exibição 'à altura dos pergaminhos de um verdadeiro finalista, com períodos fulgurantes, coroados com dois golos e uma autoridade sobre o adversário que não deixou dúvidas'. No segundo tempo, controlaram o encontro e seguraram o resultado.
Os adeptos aguardaram de pé pelo apito final, 'numa contagem decrescente beijada pelas palmas, exultada no cântico rouco'. Quando o árbitro deu o encontro por terminado, 'não há memória de alegria semelhante, tudo chora, muita gente. Ninguém tem vontade de regressar a casa para recuperar para o dia de trabalho seguinte'. Os filhos queriam viver ao máximo um momento que tantas vezes ouviram os pais contar.
A alegria tinha sido proporcionada por Rui Águas, que de forma literal acedeu ao pedido do treinador do Benfica, Toni, que tinha solicitado para 'que não jogassem com o coração, mas sim com a cabeça!'. Desta forma, o avançado imitou o pai, José Águas, que tinha apontado o golo dos 'encarnados' na 2.ª mão das meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1961/62, garantindo o acesso à final.
Saiba mais sobre este e outros jogadores do Benfica que inscreveram o seu nome na lista dos goleadores do Clube na área 20 - Águias-Mores do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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